São Paulo, domingo, 07 de agosto de 2005

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FORÇAS ARMADAS

Aumento será de 13% a partir de outubro e mais 10% em agosto de 2006; impacto orçamentário será de R$ 9,5 bi

Governo concede reajuste aos militares

EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Depois de meses de negociações, com direito a protestos de mulheres de militares e seguidas recusas dos comandantes, o Palácio do Planalto anunciou ontem que os integrantes das Forças Armadas terão um reajuste salarial linear de 13% a partir de outubro e outros 10% em agosto de 2006.
O anúncio ocorreu ontem pela manhã, depois de, um dia antes, terem ocorrido duas reuniões do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com o vice-presidente e ministro da Defesa, José Alencar. O martelo foi batido pela equipe econômica, em reunião na Granja do Torto. Restava apenas definir o percentual a ser pago em 2006.
"Esta decisão representa realmente considerável esforço para atender às justas aspirações das Forças Armadas, ainda que com enorme sacrifício orçamentário. Assim sendo, permito-me, como ministro da Defesa, exortar a todos os militares que compreendam esta decisão como a melhor a que se poderia chegar", afirmou Alencar, por meio de nota.
O reajuste anunciado ontem deve causar um impacto de R$ 3,5 bilhões nas contas do governo neste ano e R$ 6 bilhões em 2006.
Nos últimos meses, foram várias propostas e contrapropostas. O governo chegou até a sugerir que o reajuste não fosse linear (ou seja, que pudesse atender apenas os militares da ativa), mas tal sugestão foi vetada de pronto pelos comandantes de Marinha, Exército e Aeronáutica.

Promessa
No ano passado, o governo se comprometeu a reajustar o salário dos integrantes das Forças Armadas em duas parcelas. Como 10% foram antecipados a partir de setembro passado, o restante (23%) ficou para o primeiro trimestre de 2005.
Nada, porém, foi pago no período anunciado, o que gerou uma série de manifestações encabeçadas por mulheres de militares, como "panelaços" e "apitaços" em solenidades do Exército e visitas do presidente Lula ao Itamaraty. Durante dois meses, cerca de 50 delas permaneceram acampadas em frente ao Congresso Nacional.
Em meio às negociações, o comandante da Aeronáutica, tenente-brigadeiro-do-ar Luiz Carlos Bueno, afirmou que, se dependesse da equipe econômica do governo, não haveria aumento dos soldos aos integrantes das Forças Armadas. Segundo ele, "viável seria 0%, para a equipe econômica".
Hoje, um recruta recebe cerca de R$ 168, contra um teto de R$ 9.300 para um oficial-general.


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