São Paulo, sexta-feira, 07 de agosto de 2009

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Voto do PT vai decidir futuro de Sarney e de Virgílio no conselho

Oposição precisa da sigla para reabrir acusações contra presidente da Casa e PMDB conta com petistas em denúncia contra tucano

Presidente do PT diz que "não cabe arquivamento sumário no caso dos atos secretos", mas não quis se comprometer com oposição


DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os votos do PT no Conselho de Ética do Senado decidirão o futuro de José Sarney (PMDB-AP) e Arthur Virgílio (PSDB-AM) -ambos podem responder a processos que resultariam em cassação de mandato.
Sem o PT, a oposição não vai conseguir reabrir as acusações feitas contra Sarney que foram arquivadas pelo presidente do conselho, Paulo Duque (PMDB-RJ). Tampouco os sarneyzistas terão como avançar na investigação contra Virgílio a ponto de tirar o mandato do líder tucano.
O PT tem três senadores no conselho: João Pedro (AM), Delcídio Amaral (MS) e Ideli Salvatti (SC). Para aprovar ou rejeitar os recursos contra as decisões de Duque são necessários oito votos. A oposição já conta com cinco.
O presidente do partido, deputado Ricardo Berzoini (SP), disse que "não cabe arquivamento sumário no caso dos atos secretos", mas não quis se comprometer. "Temos de analisar o mérito do recurso."
Já com relação às denúncias que não têm ligação com o Senado, Berzoini afirmou que devem ser encaminhadas exclusivamente ao Ministério Público.
O líder do partido no Senado, Aloizio Mercadante (SP), saiu ontem de reunião com Berzoini com o mesmo discurso do presidente do PT.
O partido se recusou a assinar carta subscrita pelos líderes de PSDB, PDT, DEM e PSOL, que pede a licença de Sarney. "Insistir nisso seria jogar para a torcida", disse Berzoini, ao lembrar que Sarney já anunciou que fica no cargo.
O Conselho de Ética recebeu 11 pedidos de investigação contra Sarney, que o acusam, entre outras coisas, de contratar e exonerar parentes por meio de atos secretos. Quatro já foram arquivadas. As demais terão o mesmo destino hoje.

Virgílio
Em retaliação aos tucanos, que assinaram 9 dos 11 pedidos, o PMDB pediu a cassação do mandato de Arthur Virgílio. A representação foi protocolada na quarta-feira à noite e seu conteúdo lido ontem, em plenário, pelo líder do PMDB, senador Renan Calheiros (AL). O mesmo fez Virgílio com as representações contra Sarney.
Na ação, que tem 50 páginas, os peemedebistas acusam Virgílio de ter quebrado o decoro parlamentar ao receber "doação" do então diretor-geral do Senado, Agaciel Maia. Enquanto estava numa viagem em Paris, Agaciel lhe repassou R$ 10 mil que diz não ter recebido de volta. O tucano também empregou em seu gabinete um funcionário que morava no exterior. O PMDB quer saber se ele recebeu horas extras e outros benefícios da Casa.
Virgílio ainda é acusado de ter usado sua influência na Casa como líder para pedir ressarcimento por despesas com o tratamento de saúde de sua mãe que somaram cerca de R$ 780 mil. O teto é de R$ 30 mil. E de ter escondido da Receita Federal o imóvel onde mora.
O presidente do Conselho de Ética disse ontem que "achou normal" seu partido, o PMDB, representar contra Virgílio e que não se sente impedido em deliberar sobre o assunto porque ela é assinada pela legenda. Sobre as representações contra Sarney, ele afirmou: "Vou manter minha coerência. O despacho que tem ser o mesmo".
Na representação contra Virgílio, o PMDB afirmou que ele "elevou às culminâncias do absurdo a prática do clientelismo, do patrimonialismo e do tráfico de influência". O tucano disse que é "réu confesso" no caso do funcionário fantasma, mas que a verdade só veio à tona porque ele admitiu o erro. Ele devolveu o dinheiro pago ao servidor.


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