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Voto do PT vai decidir futuro de Sarney e de Virgílio no conselho
Oposição precisa da sigla para reabrir acusações contra presidente da Casa e PMDB conta com petistas em denúncia contra tucano
Presidente do PT diz que "não cabe arquivamento sumário no caso dos atos secretos", mas não quis se comprometer com oposição
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os votos do PT no Conselho
de Ética do Senado decidirão o
futuro de José Sarney (PMDB-AP) e Arthur Virgílio (PSDB-AM) -ambos podem responder a processos que resultariam em cassação de mandato.
Sem o PT, a oposição não vai
conseguir reabrir as acusações
feitas contra Sarney que foram
arquivadas pelo presidente do
conselho, Paulo Duque
(PMDB-RJ). Tampouco os sarneyzistas terão como avançar
na investigação contra Virgílio
a ponto de tirar o mandato do
líder tucano.
O PT tem três senadores no
conselho: João Pedro (AM),
Delcídio Amaral (MS) e Ideli
Salvatti (SC). Para aprovar ou
rejeitar os recursos contra as
decisões de Duque são necessários oito votos. A oposição já
conta com cinco.
O presidente do partido, deputado Ricardo Berzoini (SP),
disse que "não cabe arquivamento sumário no caso dos
atos secretos", mas não quis se
comprometer. "Temos de analisar o mérito do recurso."
Já com relação às denúncias
que não têm ligação com o Senado, Berzoini afirmou que devem ser encaminhadas exclusivamente ao Ministério Público.
O líder do partido no Senado,
Aloizio Mercadante (SP), saiu
ontem de reunião com Berzoini
com o mesmo discurso do presidente do PT.
O partido se recusou a assinar carta subscrita pelos líderes de PSDB, PDT, DEM e
PSOL, que pede a licença de
Sarney. "Insistir nisso seria jogar para a torcida", disse Berzoini, ao lembrar que Sarney já
anunciou que fica no cargo.
O Conselho de Ética recebeu
11 pedidos de investigação contra Sarney, que o acusam, entre
outras coisas, de contratar e
exonerar parentes por meio de
atos secretos. Quatro já foram
arquivadas. As demais terão o
mesmo destino hoje.
Virgílio
Em retaliação aos tucanos,
que assinaram 9 dos 11 pedidos,
o PMDB pediu a cassação do
mandato de Arthur Virgílio. A
representação foi protocolada
na quarta-feira à noite e seu
conteúdo lido ontem, em plenário, pelo líder do PMDB, senador Renan Calheiros (AL). O
mesmo fez Virgílio com as representações contra Sarney.
Na ação, que tem 50 páginas,
os peemedebistas acusam Virgílio de ter quebrado o decoro
parlamentar ao receber "doação" do então diretor-geral do
Senado, Agaciel Maia. Enquanto estava numa viagem em Paris, Agaciel lhe repassou R$ 10
mil que diz não ter recebido de
volta. O tucano também empregou em seu gabinete um
funcionário que morava no exterior. O PMDB quer saber se
ele recebeu horas extras e outros benefícios da Casa.
Virgílio ainda é acusado de
ter usado sua influência na Casa como líder para pedir ressarcimento por despesas com o
tratamento de saúde de sua
mãe que somaram cerca de R$
780 mil. O teto é de R$ 30 mil. E
de ter escondido da Receita Federal o imóvel onde mora.
O presidente do Conselho de
Ética disse ontem que "achou
normal" seu partido, o PMDB,
representar contra Virgílio e
que não se sente impedido em
deliberar sobre o assunto porque ela é assinada pela legenda.
Sobre as representações contra
Sarney, ele afirmou: "Vou manter minha coerência. O despacho que tem ser o mesmo".
Na representação contra Virgílio, o PMDB afirmou que ele
"elevou às culminâncias do absurdo a prática do clientelismo,
do patrimonialismo e do tráfico
de influência". O tucano disse
que é "réu confesso" no caso do
funcionário fantasma, mas que
a verdade só veio à tona porque
ele admitiu o erro. Ele devolveu
o dinheiro pago ao servidor.
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