São Paulo, sexta, 7 de agosto de 1998

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Situação dos minoritários preocupa CVM

ISABEL CLEMENTE
da Sucursal do Rio

A CVM (Comissão de Valores Mobiliários), órgão responsável pela fiscalização do mercado de capitais, vai convocar, para daqui a duas semanas, uma reunião com os novos controladores de cada uma das 12 holdings vendidas no leilão do Sistema Telebrás.
O propósito é garantir que os 3,5 milhões de acionistas minoritários do sistema não sejam prejudicados, diante das prováveis reestruturações societárias das teles, afirmou Francisco da Costa e Silva, presidente da CVM.
"É natural que o novo controlador tente unificar suas unidades (empresas), mas poderá também priorizar investimentos em função de demandas diferentes. Vamos ficar em cima para que os minoritários não saiam lesados."
A reestruturação é um processo esperado. A Tele Norte Leste, por exemplo, tem debaixo de si 16 companhias estaduais. Agrupá-las seria uma forma de reduzir custos.
A CVM quer garantir também que os papéis de todas as pequenas empresas ganhem liquidez (atratividade para serem negociados).
Prevendo que surgirão conflitos de interesses entre as holdings e as pequenas companhias a elas ligadas, a CVM criou um grupo de trabalho que se dedicará à análise dos desdobramentos do leilão.
"Se essa discussão tivesse começado antes, estaríamos até agora discutindo, e a privatização não teria sido feita", disse Costa e Silva, destacando que a operação ainda não acarretou perdas para os minoritários.
Uma grande parcela desses 3,5 milhões de acionistas minoritários tem em mãos ações adquiridas pelo antigo plano de expansão para a compra de telefones. "Isso nos preocupa muito", afirmou Costa e Silva.
Segundo a CVM, as regras dos contratos de concessão não podem evitar que as ações das companhias pequenas percam a atratividade -o chamado "mico".
Costa e Silva se diz favorável à incorporação das companhias em uma grande empresa. Se as holdings optarem por uma incorporação, o processo terá de considerar a participação relativa das companhias sob sua alçada de forma a não derrubar esses papéis.
Já há inclusive bancos de investimento, como o Stock-Mássima, apostando na valorização dessas pequenas empresas, em função de prováveis incorporações. Constituíram, inclusive, fundos de investimentos com esses papéis.



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