São Paulo, sexta, 7 de agosto de 1998

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

SUCESSÃO
Comando de campanha debate se postura mais agressiva ajudaria petista a encostar em FHC nas pesquisas
Lula discute se deve ser "light' na televisão


CARLOS EDUARDO ALVES
PATRÍCIA ANDRADE
da Reportagem Local

A estagnação de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas pesquisas provocou o primeiro dilema entre os políticos e o grupo de comunicação da campanha petista: o candidato deve ou não ser agressivo em relação ao presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) durante o horário eleitoral gratuito.
O planejamento inicial era apresentar Lula como um candidato "light" em programas ditos "propositivos". Ou seja, os marqueteiros petistas apostavam em um discurso cordato para enfrentar a imagem de mal-humorado que Lula carregaria no entender de muitos eleitores.
Com a dificuldade de se aproximar de FHC na corrida eleitoral, um grupo de petistas está defendendo, em diversas reuniões, a revisão do plano.
Os que propõem uma abordagem de temas de forma mais agressiva acham que essa seria a única maneira de o candidato encarnar o descontentamento de parte do eleitorado com o tratamento que o governo dá às chamadas questões sociais.
Toni Cotrin, um dos publicitários que comandam a equipe que está produzindo a campanha de TV de Lula, advoga uma solução mista. "Vamos mostrar que problemas como a seca e o desemprego não acabaram, mas faremos isso com componentes de esperança e de otimismo", diz Cotrin.
Lula está participando das discussões sobre o seu programa de TV. A palavra final será dada em reuniões que estão agendadas para o próximo fim-de-semana entre o candidato a presidente, o candidato a vice, Leonel Brizola (PDT), e a equipe de comunicação.

Pesquisas
O PT tem feito várias pesquisas qualitativas com grupos de eleitores para avaliar o impacto dos discursos de FHC e de Lula. Uma das observações dos participantes é que o petista se sai melhor quando está mais descontraído.
Na situação oposta, muitos entendem que Lula passa uma imagem raivosa, o que dificulta a empatia com o candidato.
A pesquisa também atestou que um dos entraves para o crescimento de Lula é o diagnóstico sobre a falta de experiência administrativa do candidato.
Para tentar superar o problema, os marqueteiros vão mostrar na televisão alguns aspectos da biografia de Lula, como o fato de ele ter sido deputado constituinte e seu trânsito com lideranças internacionais.
O jingle da campanha, que será lançado em comício em Recife no dia 14, foi avaliado pela pesquisa. Composta por Hilton Accioly, o mesmo que fez o famoso "Lula-lá" de 89, a canção se chama "Coração Brasileiro" e passou por algumas mudanças de ritmo.



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.