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GOVERNO
Ministro afirma que nenhum candidato pediu detalhes sobre o ajuste adicional que seria realizado ainda neste ano
Candidatos sabiam do ajuste, diz Malan
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro Pedro Malan (Fazenda) reafirmou ontem, em carta à Folha, que os principais candidatos à Presidência sabiam da
decisão do governo de elevar o
aperto fiscal neste ano.
Segundo a versão de Malan, já apresentada na
entrevista de quarta-feira para
anunciar o novo acordo com o
FMI (Fundo Monetário Internacional), a informação foi transmitida nos encontros do dia 19 de
agosto entre os candidatos e o
presidente Fernando Henrique
Cardoso. Conforme a Folha noticiou ontem, os candidatos da
oposição dizem não terem sido
informados de que o superávit
primário -a parcela das receitas
destinada ao pagamento de juros- subiria, em 2002, de 3,75%
para 3,88% do PIB -o equivalente a R$ 50,35 bilhões.
Pelas explicações do ministro
da Fazenda, nos encontros de
FHC com Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Ciro Gomes (PPS), José
Serra (PSDB) e Anthony Garotinho (PSB) foi dito apenas que haveria um ajuste adicional neste
ano, sem menção a números.
"Nenhum deles pediu detalhes
sobre o ajuste adicional em 2002",
afirma Malan na carta. A razão,
segundo o ministro, é que a preocupação principal do encontro
era relatar os termos do acordo
com o FMI referentes a 2003, primeiro ano do mandato do próximo presidente.
Para o ano que vem, o superávit
primário exigido pelo acordo é de
3,75% do PIB, patamar já previsto
no Orçamento da União. O acordo estabelece ainda que os projetos da Lei de Diretrizes Orçamentárias para 2004 e 2005 estipulem
o mesmo objetivo.
"Os candidatos e seus assessores, portanto, estão certos quando
dizem que na audiência com o
presidente foram avisados do
ajuste adicional em 2002", diz
Malan. "E estão certos também
quando dizem que na mesma
ocasião não foram informados da
magnitude precisa desse ajuste",
completa. O ministro argumenta
ainda que o atual governo, "legitimamente constituído", não tem a
obrigação de negociar com os
candidatos os resultados da política fiscal no último ano de seu
mandato.
Na conclusão da carta do ministro, destaca-se que nas conversas
com os presidenciáveis foi debatido detalhadamente o planejamento fiscal para 2003, em que
59% do resultado fiscal prometido ao FMI deve ser obtido no primeiro semestre.
Isso demonstra, segundo o raciocínio do ministro da Fazenda,
que o interesse principal das reuniões eram os compromissos relativos ao primeiro ano do próximo governo.
Quando anunciou a nova meta
de superávit primário para 2002,
na última quarta, Malan e seus assessores causaram confusão ao
explicar por que haviam dito, no
mês passado, que não haveria um
ajuste adicional.
Em entrevista realizada em 8 de
agosto, 11 dias antes dos encontros com os presidenciáveis, a
equipe econômica divulgou que o
acordo com o FMI não implicava
sacrifícios extras.
Como justificativa para a informação, Malan afirmou que, naquele momento, ainda faltavam
detalhes a serem fechados para a
elevação do superávit. Já seu secretário-executivo, Amaury Bier,
disse que a meta já estava definida
antes de 8 de agosto.
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