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Leia a íntegra da carta do ministro Malan
DA REDAÇÃO
Leia a seguir a íntegra da carta enviada pelo ministro da Fazenda, Pedro Malan, à Folha:
"Sobre a manchete "Oposição ataca
governo por novo acerto com o FMI"
(6/9), gostaria que os leitores da Folha de S.Paulo não fossem privados
das seguintes informações, dadas na
entrevista coletiva que concedi quarta-feira, 4/9, e divulgadas por vários
jornais e emissoras de televisão.
1) Nas reuniões do presidente da
República com cada um dos quatro
principais candidatos a presidente
no dia 19 de agosto, no Palácio do
Planalto, foi-lhes dito, sem qualquer
menção a números, que este governo
decidiu fazer um ajuste fiscal adicional no ano de 2002. Apenas um candidato perguntou se haveria mesmo
necessidade de fazê-lo. Dissemos que
sim. Nenhum deles pediu detalhes
sobre o ajuste fiscal adicional em
2002.
2) No momento das audiências do
presidente com os candidatos, a
preocupação geral -e, em particular, a dos candidatos e a do próprio
governo- era a de esclarecer que
implicações traria para a futura administração o novo acordo com o
FMI, feito com a intenção de assegurar uma transição sem turbulências
para o futuro governo. Tanto que
apenas US$ 6 bilhões dos US$ 30 bilhões do acordo serão disponibilizados no curso do atual governo: US$
24 bilhões ficam para o primeiro ano
do próximo governo, além de quase
US$ 6 bilhões dos US$ 7 bilhões programados pelo Banco Mundial e
BID.
3) Não nos sentimos na obrigação
de buscar apoio, aprovação ou de negociar com os candidatos decisões
que este governo, legitimamente
constituído, tem necessidade de tomar dentro do tempo que lhe resta
de mandato. Aliás, se já não fosse
obrigação e determinação deste governo governar até o último dia de
seu mandato, os próprios candidatos, reiteradamente, declaram que a
responsabilidade pelas decisões no
ano de 2002 cabe à atual administração.
4) É nesse contexto que deve ser
entendida a decisão do governo de
fazer, em 2002, um ajuste fiscal adicional de quase 0,13 ponto percentual do PIB, o que será cumprido não
com cortes de despesas, mas com
maior arrecadação. No ano de 2002,
portanto, o superávit fiscal primário
será da ordem de 3,88% do PIB. Para
2003, não há nenhuma alteração: está
mantido no acordo com o FMI o
mesmo superávit primário de 3,75%
já aprovado pelo Congresso Nacional e aceito sem restrições pelos principais candidatos a presidente.
Os candidatos e seus assessores,
portanto, estão certos quando dizem
que na audiência com o presidente
foram avisados do ajuste adicional
em 2002. E estão certos também
quando dizem que na mesma ocasião não foram informados da magnitude precisa desse ajuste adicional
-repito, quase 0,13 ponto percentual do PIB apenas no ano de 2002.
Certa ou errada, esta é uma decisão
que cabe ao atual governo.
Por último, e apenas para ilustrar o
fato de que estávamos fundamentalmente preocupados em explicar aos
candidatos aspectos do programa
que envolvessem compromissos para o futuro governo, explicamos detalhadamente porque o superávit fiscal de 2003 (3,75% do PIB) não teria,
como não teve nos últimos anos,
uma distribuição homogênea ao longo do ano. Em outras palavras, por
conhecidas sazonalidades tanto do
lado da receita quanto do lado da
despesa, o resultado do ano não é
50% no primeiro semestre e 50% no
segundo. Nos últimos anos, o governo sempre fez mais de 60% do resultado projetado para o ano no primeiro semestre. O programa atual contempla 59% no primeiro semestre de
2003, o que foi claramente comunicado a todos os candidatos. Demos
mais importância a esse aspecto, por
razões óbvias, já que envolvem uma
futura administração, que a uma discussão sobre 2002 que não envolve
responsabilidades de uma futura administração -como reconhecido
por todos.
Atenciosamente,
Pedro Sampaio Malan
Ministro de Estado da Fazenda"
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