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Esforço fiscal será maior no 1º semestre
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O acordo do governo Fernando
Henrique Cardoso com o FMI
impõe ao próximo presidente um
esforço fiscal maior nos seis primeiros meses de 2003: no início
do governo, ele terá de apertar
mais o controle dos gastos para
cumprir o acerto com o Fundo.
Segundo o memorando técnico
do acordo com o FMI (Fundo
Monetário Internacional), em junho do próximo ano o superávit
primário (tudo aquilo que o governo economiza para pagar juros) acumulado nos últimos 12
meses terá de ser de 3,88% do PIB,
e não de 3,75% do PIB.
Em valores nominais, os 3,88%
anualizados em junho de 2003
equivalem a R$ 52,8 bilhões.
Com esse esforço fiscal maior
no primeiro semestre, o sucessor
de FHC poderá ter mais liberdade
de julho a dezembro, quando o
esforço fiscal poderá ser menor.
Ou seja, poderá obter um superávit abaixo dos 3,88% do PIB. Na
média do ano, o resultado terá de
ficar em 3,75% do PIB.
No entanto, essa queda não está
prevista de forma obrigatória no
acordo, mas apenas indicativa. O
FMI poderá exigir a elevação do
superávit primário em qualquer
uma das quatro revisões do acordo. Diz o texto: "Uma depreciação
significativa e permanente da taxa
de câmbio, a manutenção de altas
taxas de juros reais ou uma recuperação da economia muito mais
lenta do que a projetada implicariam a necessidade de um superávit primário mais elevado para estabilizar a relação dívida/PIB em
2003 e para colocá-la numa trajetória declinante a médio prazo".
De janeiro a junho do próximo
ano, segundo o acordo com o
Fundo, o setor público (União,
Estados, municípios e estatais) terá de economizar R$ 31,4 bilhões.
Esse valor, que corresponde a
59% do superávit de R$ 53 bilhões
previsto para 2003, será R$ 2,5 bilhões maior que o resultado dos
seis primeiros meses deste ano
(R$ 28,9 bilhões). Nos últimos
anos, o esforço fiscal sempre foi
maior de janeiro a junho.
Isso ocorreu porque, como não
sabe o comportamento das receita e despesas ao longo do ano, o
governo controla a liberação de
recursos nos primeiros meses: se
a arrecadação se comportar como
previsto, os recursos são liberados
ao longo do segundo semestre.
Além disso, normalmente a arrecadação no primeiro semestre é
maior, por causa do recolhimento
do Imposto de Renda. Já no segundo semestre, a despesa costuma crescer, devido ao 13º salário
pago aos servidores públicos.
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