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ANÁLISE
Forças têm dilemas graves
RICARDO BONALUME NETO
DA REPORTAGEM LOCAL
As Forças Armadas do mundo
vivem dilemas graves no século
21. A Força Aérea Brasileira
(FAB), a Marinha do Brasil (MB)
e o Exército Brasileiro (EB) refletem as questões gerais, além daquelas próprias do país.
Há a crise de identidade, que
afeta, por exemplo, a Europa Ocidental: para que a força militar
serve após a Guerra Fria? Não há
mais risco de aviões de patrulha
ou submarinos soviéticos ameaçarem as costas brasileiras.
Há a questão de como se relacionar com os Estados Unidos.
Tanto os que podem virar alvo
dos americanos como os outros
têm de acompanhar sua vertiginosa evolução tecnológica.
Há a falta de continuidade administrativa, que afeta também a
continuidade de programas.
O Brasil não tem inimigos regionais que poderiam ajudar a
moldar a composição, o equipamento e o treinamento das suas
forças. Os militares da Índia e do
Paquistão, de Israel e da Síria, da
China e de Taiwan se preparam
para a guerra olhando um nos
olhos dos outros.
Uma ameaça era a Argentina.
Os brasileiros compraram na
Grã-Bretanha dois couraçados
em 1910, os melhores do mundo;
os argentinos em seguida compraram dois nos EUA. Veículos
blindados dos dois países se preparavam para uma "Blitzkrieg".
Faz tempo que a Argentina deixou de ser "o inimigo". Brasileiros
e argentinos treinam juntos para
missões de paz. Desprovidos de
um porta-aviões, hoje os argentinos treinam no "São Paulo".
Parte dos militares se volta para
a defesa da Amazônia. Fora a paranóia que acha que os americanos querem tomá-la, existem problemas sérios nas fronteiras.
Os candidatos defendem temas
nacionalistas, como o apoio à indústria de defesa, o que sempre
atraiu os militares. Mas auto-suficiência nem sempre significa
construir um avião ou tanque importando o "recheio" eletrônico.
As três forças têm uma história
de independência que torna difícil institucionalizar o Ministério
da Defesa, ainda longe de integrar
as forças, em doutrina, na capacidade de operarem juntas ou na
compra de equipamento.
Por exemplo, a Marinha voltou
a operar aviões no "São Paulo",
mas a aviação de patrulha marítima segue com a FAB. O Exército
tem dois modelos de tanques que
usam canhões de calibre 105 mm;
os fuzileiros navais têm um terceiro tipo, com canhão diferente. EB,
FAB e MB usam diferentes fuzis
com diferentes calibres.
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