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Renan diz que "não há hipótese" de renunciar
Presidente do Senado afirma que PT se comporta como "aliado" e que relação com o partido "nunca esteve tão boa como agora"
Peemedebista recorre a uma brincadeira para declarar
que não pretende buscar votos durante o feriado: "O
problema é o corpo-a-corpo"
FERNANDA KRAKOVICS
SILVIO NAVARRO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Um dia depois de o Conselho
de Ética pedir a cassação de Renan Calheiros (PMDB-AL), o
presidente do Senado negou
que exista a articulação de um
acordo para trocar a presidência pela garantia de sua absolvição. O clima ontem era de incerteza quanto ao resultado da
votação secreta em plenário,
marcada para quarta-feira.
Senadores que estavam dispostos a apoiar Renan passaram a ponderar que sua eventual absolvição não encerrará a
crise na Casa, já que ele ainda
enfrentará pelo menos outros
dois processos por quebra de
decoro. A preocupação é com o
desgaste da instituição, que
afetaria todos os integrantes.
A possibilidade de surgirem
novas denúncias contra Renan
até quarta também influirá na
correlação de forças na Casa.
Para ser aprovado, o pedido de
cassação tem que ter o apoio
mínimo de 41 dos 81 senadores.
O desfecho do processo é considerado imprevisível pelos dois
lados, que só arriscam que a votação deverá ser apertada. Tanto Renan quanto lideranças da
oposição estão concentradas
na contagem dos votos.
"É a hora da verdade, é hora
da onça beber água", afirmou o
senador Wellington Salgado
(PMDB-MG), da tropa de choque de Renan. "Não tem prognóstico, pode dar qualquer coisa", disse a líder do PT, Ideli
Salvatti (SC). "Hoje não tenho
certeza de mais nada. É um
processo que se tornou imprevisível", afirmou o senador Sérgio Guerra (PSDB-PE).
O presidente do Senado disse
que não se sentiu traído pelo
PT, que votou em bloco pela
sua cassação no conselho, e que
conta com o apoio do partido
no plenário. "O PT sempre teve
e sempre terá em relação a mim
um comportamento de aliado,
que é um comportamento proporcional ao que eu sempre tive
com ele. A minha relação com o
PT nunca esteve tão boa como
está agora", disse Renan.
Ele descartou um acordo para entregar a presidência em
troca de sua absolvição: "Eu
disse desde o início que não
deixaria o cargo, não renunciaria ao cargo", afirmou. "Eu fui
eleito para cumprir o mandato
de dois anos. Só a decisão do
plenário encurtará o mandato.
Afora isso não há hipótese."
O senador Gilvam Borges
(PMDB-AP) insistiu, porém,
que esse é o caminho para Renan. "Não tem novidade no
processo, então ele vai ter que
apresentar alguma novidade na
quarta-feira para assegurar sua
vitória." Gilvam é ligado ao senador José Sarney (PMDB-AP), conselheiro de Renan.
Ainda haveria margem para
uma manobra como essa na
oposição. "Seria um trunfo,
embora não acredite que vá
acontecer, para criar um ambiente de simpatia. Qualquer
que seja o gesto nessa direção
seria bem compreendido", disse Sérgio Guerra.
Apesar de a cassação de Renan ter virado uma bandeira da
oposição, deserções são esperadas no PSDB e no DEM. As divisões também são consideradas
certas nos partidos da base aliada. Senadores de PT, PMDB e
PSB já se posicionaram a favor
da perda do mandato de Renan.
O Palácio do Planalto preferia não enfrentar uma eleição
precipitada para a presidência
do Senado, já que não tem uma
maioria confortável na Casa
nem um candidato forte.
O presidente do Senado afirmou que viajará para Alagoas
no feriado da Independência.
Questionado se ele não faria
um corpo-a-corpo em busca de
votos, o senador ironizou a própria situação: "O problema é o
corpo-a-corpo", declarou ele,
rindo. A crise envolvendo Renan começou com a denúncia
de que um lobista, a pedido do
presidente do Senado, pagava
R$ 12 mil mensais de pensão à
jornalista Mônica Veloso, com
quem o senador tem uma filha.
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