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PT endossa atos contra concessões de TVs
Decisão da Executiva Nacional diz que partido "acompanhará" manifestações contra a renovação de licenças das emissoras
Organizadores do protesto dizem que concessões das TVs Gazeta, Bandeirantes, Cultura e de 5 afiliadas da Globo vencem em outubro
FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Quatro dias depois de apoiar
um plebiscito sobre a reestatização da Vale do Rio Doce, o PT
decidiu novamente flertar com
a agenda "chavista" de alguns
movimentos sociais, desta vez
com relação à renovação de
concessões de TV.
Decisão da Executiva Nacional divulgada ontem diz que o
PT "acompanhará" manifestações programadas para 5 de outubro sobre a renovação das
concessões das TVs e cita especificamente a Rede Globo.
Segundo os organizadores,
nesta data vencem concessões
das TVs Bandeirantes, Gazeta,
Cultura e de cinco afiliadas da
Rede Globo. O Ministério das
Comunicações não comentou o
caso, nem confirmou o vencimento das licenças.
A Executiva decidiu ainda
orientar a bancada do partido
na Câmara dos Deputados a
"fazer gestões" para mudar o
atual sistema de concessões.
Os protestos são organizados
por entidades como CUT, MST
e UNE, que pretendem atacar a
renovação das concessões sem
a fixação de "condicionantes"
como cota mínima de programação cultural, pedagógica e
regional, além de acesso mais
fácil a direito de resposta.
"Movimentos sociais e entidades do campo da comunicação vêm preparando mobilizações nas quais pretendem
questionar o sistema de concessões, a concentração de propriedade e cobrar critérios que
garantam a participação da sociedade organizada nas outorgas e renovações e no acompanhamento do conteúdo transmitido. A Executiva acompanhará o desenrolar destas mobilizações e solicitará à nossa
bancada no Parlamento que faça as gestões necessárias para
que seja revisto o atual sistema
de concessões", diz o PT.
Fazem parte da Executiva,
entre outros, o presidente nacional do PT, Ricardo Berzoini,
e o assessor especial da Presidência Marco Aurélio Garcia.
Ao escolher o verbo "acompanhar", o partido propositadamente usa linguagem ambígua, diferentemente do caso da
Vale, em que o apoio à consulta
é explícito. Segundo a Folha
apurou, a opção foi por uma
dose de cautela em tema tão
sensível. A sinalização que o
partido quer mandar é de que
pretende entrar no debate sobre as concessões de TV.
"O PT, pela sua história, não
teria dificuldade nenhuma em
apoiar os protestos sobre comunicação. Mas por enquanto
é um acompanhamento político que estamos fazendo", disse
o deputado federal Jilmar Tatto (SP), um dos vice-presidentes da legenda. Tatto entregou
ontem cópia da nota ao ministro Franklin Martins (Comunicação Social), que não quis se
comprometer com seu teor.
Protestos
Os protestos de 5 de outubro
estão marcados para as 27 capitais do país. "A sociedade não
aceita a renovação automática
das concessões sem condicionantes", disse Antonio Carlos
Spis, representante da CUT. Os
organizadores não têm ilusão
de que conseguirão barrar a renovação da concessão, como
ocorreu na Venezuela, onde foi
cassada da concessão da RCTV,
a principal emissora do país.
"Queremos fazer a crítica, o debate político", afirma Spis.
O PT, na sua nota, ainda pede
ao governo a realização de uma
conferência nacional sobre democratização da comunicação
e cobra que o conselho da nova
TV pública, prevista para ser
criada no final do ano, seja "representativo da sociedade".
Ontem, em reunião com 15
deputados petistas, Martins
disse que o governo poderá enviar uma medida provisória
criando a TV pública, e não um
projeto de lei. A MP criaria
imediatamente a emissora, enquanto um projeto pode ser arrastar por anos. A decisão deve
ser tomada até o fim deste mês.
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