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OUTRO LADO
"Preocupação é com assentados"
DA REPORTAGEM LOCAL
O superintendente do Incra em
São Paulo, Geraldo Leite, afirma
que sua maior preocupação na
gestão do órgão é com a manutenção e desenvolvimento dos assentamentos de reforma agrária
já existentes.
"Preocupa-me mais não a velocidade dos assentamentos, mas
estruturar o que já se conseguiu,
viabilizar esses assentamentos.
Várias ações já estão sendo feitas,
mas é preciso consolidar o que já
se obteve", diz Leite.
Segundo o Incra, entre 12% e
13% dos agricultores que obtêm
lote desistem no primeiro ano e o
repassam a terceiros no Estado de
São Paulo. A venda ou aluguel da
terra obtida é ilegal.
"Há Estados em que esse índice
é de 40%, mas nosso percentual
também é inaceitável. Se não cuidarmos do que já foi conseguido,
não há sentido em fazer mais",
declara o superintendente.
Leite aponta ainda para o fato
de o volume de recursos para os
assentamentos estar sendo liberado no mesmo ritmo dos anos anteriores.
Crédito
Em 2001, está sendo disponibilizado R$ 1,6 milhão em crédito para os agricultores e outro R$ 1,2
milhão na forma de investimentos para levar água e energia elétrica aos assentados e construir
estradas.
Cada família com um lote de 15
hectares de área recebe R$ 1.400
para adquirir insumos (instrumentos, principalmente), outros
R$ 2.500 para construir sua casa e
R$ 12 mil para investir exclusivamente na produção.
O sem-terra tem 20 anos para
pagar os empréstimos, com três
anos de carência e juros anuais de
1,15%, abaixo dos de mercado.
"Todos esses recursos estão sendo
liberados absolutamente em dia",
afirma o superintendente do Incra em São Paulo.
Apesar disso, o Incra declara
que reconhece a lentidão no ritmo
de assentamentos e diz que irá
agilizá-lo no próximo ano.
Perspectiva
O órgão trabalha com a perspectiva de assentar 1.200 famílias
de agricultores sem-terra em
2002, ano eleitoral.
"Com a compra de fazendas
produtivas, mas que não interessam mais a seus proprietários, será possível agilizar o processo. Isso porque elimina-se praticamente todo o trâmite burocrático que
emperra o assentamento", declara Leite. Já há negociações adiantadas para a compra de uma área,
segundo o Incra.
"Um processo de desapropriação de terras no Estado de São
Paulo pode levar nove meses ou
mais de um ano, em razão de idas
e vindas e contestações", afirma o
superintendente.
Mas há o risco de a estratégia do
órgão federal deparar-se com a
resistência do MST, que não vê
com bons olhos a compra de fazendas para reforma agrária. O
movimento prefere a desapropriação, por entender que tem
também a função de punir a especulação imobiliária.
(FZ)
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