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UNAÍ
"Os fiscais exageram muito", diz Mânica
Não somos monstros, afirma fazendeiro eleito
IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Prefeito eleito de Unaí (MG) e
mantido preso até anteontem
como suspeito de ser o mandante da chacina de quatro servidores do Ministério do Trabalho, Antério Mânica (PSDB)
disse ontem, em entrevista por
telefone, que não é um "monstro", negou o envolvimento da
família no crime e afirmou que
a "Justiça começa a ser feita".
O fazendeiro, de 49 anos, recebeu na cadeia a notícia de
que havia sido eleito no domingo, com 72% dos votos. Como
não possui condenação definitiva, não há restrição jurídica à
posse de Mânica em 2005.
Folha - O sr. é apontado pelo
Ministério Público como um dos
mandantes da morte dos fiscais
em janeiro. Isso procede?
Antério Mânica - Na verdade,
me prenderam nem sei por
quê. Os argumentos foram um
automóvel escuro, igual a muitos que existem na cidade, e o
outro que liguei para o Ministério do Trabalho perguntando
se houve acidente com os fiscais. Na verdade, não tinham
argumento nenhum. Agora a
Justiça começa a ser feita.
Folha - Como o sr. vê o fato de
seu partido ter capitalizado sua
prisão, dizendo que cada voto
era um alvará de soltura?
Mânica - Já tínhamos projeção desde julho. Muito antes da
prisão eu tinha 74%, segundo o
Ibope. Não perdi e não ganhei
com a prisão. Estou há 27 anos
na cidade, gerando empregos,
participando da comunidade.
Folha - O que pretende fazer?
Mânica - A cidade de Unaí
tem problemas de saúde, educação, infra-estrutura, falta de
asfalto. O trabalho tem que ser
geral. Tenho que me virar agora e trabalhar demais para
agradecer o mandato.
Folha - Os fazendeiros, como o
sr., também têm problemas trabalhistas. Como resolver isso?
Mânica - Eu asseguro que a região que cumpre mais as leis e
normas do Ministério do Trabalho é Unaí. Não tem trabalho
degradante nem trabalho escravo. Na minha fazenda é tudo feito rigorosamente em dia.
Folha - Mas os auditores fiscais
periodicamente encontram irregularidades nas vistorias.
Mânica - Tenho este ano um
auto de infração por falta da
tampa do cesto de lixo do papel
higiênico servido. Outro porque faltava a tampa de proteção de tomada elétrica, aquela
proteção plástica. Se for ver,
não tem isso nem no Palácio do
Planalto, nem no Alvorada. Os
fiscais exageram muito, é um
rigor total. Não conheço nenhuma propriedade que não
foi autuada na região.
Folha - Os fiscais exageram?
Mânica - Os direitos trabalhistas são assegurados, as condições alimentares, tudo. Ficam
querendo colocar a opinião pública contra a gente. É uma barbárie ficar anunciando e divulgado isso, porque não procede.
Folha - Seu irmão Norberto está preso sob acusação de ser o
mandante da morte dos fiscais.
Mânica - Os números mostram que a gente não é esse
monstro todo, não. Tivemos
uma formação, somos oito irmãos sem mãe, sem pai. Nos
criamos seguindo a palavra de
Deus, cumprindo as leis. Vou
ficar muito surpreso se ele tiver
alguma relação com esse crime.
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