São Paulo, sábado, 07 de outubro de 2006

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Painel

Renata Lo Prete - painel@uol.com.br

História oficial

Na véspera do primeiro debate Lula x Alckmin, as cúpulas do PT e do governo finalizam nos bastidores uma explicação para o R$ 1,7mi que pagaria o dossiê contra José Serra. O ponto de partida da versão oficial é observação ouvida nos últimos dias de três ministros de Lula: "comprar informação é crime".
Vencida essa etapa, o fator que poderia complicar a situação dos "aloprados" seria a origem do dinheiro.
Por isso, cresce a possibilidade de que o PT anuncie, nos próximos dias, que ele veio do caixa 1 do partido.
Ainda há arestas a aparar nessa, a primeira dela sendo: se era tão simples, por que foram necessárias quatro semanas para colocar a história em pé?

Ajuste fino. A opção de declarar que o dinheiro saiu do caixa oficial do PT, e não de uma campanha, se deve ao fato de a Justiça Eleitoral não permitir doações em dinheiro para candidatos, nem de pessoas físicas nem de jurídicas.

Nó. A explicação da origem dos dólares que integravam o dinheiro reunido para pagar o dossiê é outro problema. Quem assumir a doação terá de provar que mantinha a moeda norte-americana em caixa, declarada no IR.

Fui eu. Antes de se desfiliar do PT, Hamilton Lacerda admitiu a companheiros ter mesmo levado o dinheiro para os negociadores do dossiê. No partido, foi apelidado de "mula", em referência aos transportadores do tráfico.

Prorrogação. Na reunião da Executiva Nacional, Ricardo Berzoini chegou a pedir "um tempo" até segunda para pensar melhor sobre seu futuro na presidência do PT. A idéia foi rapidamente rechaçada pela esquerda da sigla.

No muro. Novo presidente do PT, Marco Aurélio Garcia evitou ser taxativo ao falar de Berzoini na reunião. O mesmo fez o líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia.

Vai ou não vai? A campanha de Lula não mandou representante na negociação de regras do debate da TV Gazeta, ontem em São Paulo. O embate será no dia 17. O QG lulista também não respondeu se ele irá ao "Roda Viva".

Infantaria. Sérgio Guerra destacou três senadores -os tucanos Arthur Virgílio e Álvaro Dias e o pefelista Agripino Maia- para rebater aos ataques de aliados de Lula. O coordenador da campanha de Geraldo Alckmin quer ainda quatro deputados na função.

Intermediário 1. Antes de se unir ao PAN, o PTB de Roberto Jefferson tinha pronto um outro movimento para cumprir a cláusula de barreira: a fusão com o PSC, abortada na última hora por intervenção de Valdemar Costa Neto (PL).

Intermediário 2. Na véspera da fusão PTB-PSC, Valdemar ofereceu à sigla nanica cargos no eventual segundo mandato de Lula e ajuda para saldar dívidas de campanha. O mensaleiro reeleito disse falar em nome do governo. Jefferson já anunciou que pedirá a cassação de Valdemar no início da nova legislatura.

Comunhão de bens. PV e PPS organizam um colóquio para discutir as bases da possível fusão das duas siglas, também para atingir o patamar da cláusula de barreira.

Isca. Enquanto Roberto Requião vive momento hamletiano sobre apoiar ou não Lula, seu vice, Orlando Pessuti, e o secretário-geral do PMDB-PR, Luiz Cláudio Romanelli, prometem embarcar na campanha do presidente segunda.

Na rede. Derrotado na disputa para o governo do Rio, Eduardo Paes (PSDB) desconversa sobre seu futuro político e aproveita para alfinetar o prefeito Cesar Maia (PFL), autor de um boletim virtual diário. "Criarei um ex-futuro blog e colocarei lá tudo o que faria como governador."

Tiroteio

"As companhias de Alckmin nesta semana compõem um álbum de retratos de derrubar qualquer candidato. É bom ver que eles também têm seus tabajaras."
Da líder do PT no Senado, IDELI SALVATTI (PT-SC), sobre as aparições do presidenciável tucano ao lado de Anthony Garotinho, ACM e Ivo Cassol na primeira semana da campanha do segundo turno.

Contraponto

Que fase!

Um assessor de Celso Giglio (PSDB) chamou a atenção dos colegas nesta eleição por conta dos toques que utilizava no celular. Tesoureiro da campanha a deputado estadual do ex-prefeito de Osasco, Francisco Rocha programou a música "Aleluia, Aleluia..." quando a chamada vinha de algum empresário disposto a contribuir. Quando se tratava de fornecedor querendo receber, o toque mudava: o telefone soava com o sinal de ocupado.
Durante reunião da coordenação da campanha, seu celular não parava de tocar, sempre com o sinal de ocupado. Cansado, Giglio interrompeu a conversa e desabafou:
-Chico, por favor. Isso aí desanima qualquer um...


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