|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Renan deve responder a nova representação
Senadores dizem que presidente da Casa usa cargo para manipular andamento de processos e arbitrar indicações em comissões
Ex-secretário-adjunto da Mesa se dispõe a prestar testemunho contra peemedebista, que não se manifestou sobre o caso
VERA MAGALHÃES
DO PAINEL, EM BRASÍLIA
Senadores de diversos partidos, do PT ao DEM, devem
apresentar nova representação
contra o presidente da Casa,
Renan Calheiros (PMDB-AL)
por quebra de decoro. A acusação será a de que Renan usou o
cargo para reunir munição contra adversários, manipular o
andamento dos processos no
Conselho de Ética e arbitrar indicações e trocas de parlamentares no conselho e na Comissão de Constituição e Justiça.
No início da semana, os peemedebistas Jarbas Vasconcelos
(PE) e Pedro Simon (RS), afastados da CCJ pelo líder do partido, Valdir Raupp (RR), a pedido de Renan, se reúnem para
decidir como se contrapor à
medida. A nova representação
pode ser assinada pelos dois,
mas deve ser apresentada por
algum partido político, provavelmente o PSDB ou o DEM.
Senadores desses dois partidos,
além do PDT e até do PT, se dispõem a reforçar o pedido.
"Eu disse desde o início que a
maior quebra de decoro de Renan era usar o cargo em benefício próprio, para atingir os outros e se beneficiar. Por isso tinha de se afastar da presidência", disse Jarbas, que amanhã
anuncia, com Simon, uma reação ao afastamento da CCJ.
A troca na CCJ foi a gota d'água para que senadores se convencessem do uso da máquina
-estrutura que controla prestações de contas, nomeações e
influi no andamento de processos- em favor de Renan.
O servidor Marcos Santi, ex-secretário-adjunto da Mesa
que renunciou ao cargo denunciando pressões de Renan, procurou Simon e Jarbas. Ele se
dispõe a ser testemunha no
Conselho de Ética em caso de
nova representação: "Fiquei
profundamente frustrado de
ver que minhas denúncias não
foram investigadas". Ele prestou depoimento ao corregedor
da Casa, Romeu Tuma (DEM-SP), relatando fatos que, no seu
entender, demonstram que Renan usou a estrutura da presidência em sua defesa pessoal.
Entre os documentos entregues por ele está uma questão
de ordem redigida na Secretaria-Geral da Mesa, para ser lida
por um aliado de Renan no
Conselho. Não é função da Secretaria-Geral redigir questões
de ordem, e sim subsidiar a Mesa para responder a indagações
dos senadores. Santi disse estar
disposto a dar detalhes sobre a
atuação da secretária-geral,
Cláudia Lyra, em prol de Renan. Lyra revisou notas taquigráficas do depoimento secreto
que Renan prestou ao Conselho, o que retardou a entrega da
transcrição aos senadores.
Na sexta veio à tona novo episódio. Um assessor da presidência do Senado, Francisco
Escórcio, teria protagonizado
tentativa de espionagem sobre
os senadores Demóstenes Torres (DEM-GO) e Marconi Perillo (PSDB-GO). "O que está
acontecendo é de uma sem-vergonhice sem precedentes",
disse Demóstenes. O caso deve
servir como evidência da nova
representação contra Renan,
caso os partidos decidam a
apresentá-la neste ano.
A Folha procurou a assessoria de Renan na sexta para rebater as acusações de usar o
cargo em seu benefício. A informação foi de que Renan viajara para Alagoas. As perguntas
foram repassadas por e-mail,
mas não houve resposta. Sobre
as acusações de Santi, a assessoria reiterou que não houve
"nenhuma demanda" do senador ao servidor para que atuasse nos processos contra ele.
Texto Anterior: Frases Próximo Texto: Falta candidato para Lula, dizem analistas Índice
|