São Paulo, terça-feira, 07 de outubro de 2008

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Câmara de SP registra renovação de 29%, a menor em décadas

São eleitos apenas 16 novos vereadores em relação à bancada atual, de 55 parlamentares; em 2004, foram 25 caras novas

Para especialista, taxa de renovação flutua, sendo maior em período de grande "descrédito", como em 2000, durante a máfia dos fiscais


EVANDRO SPINELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Em uma eleição com a publicidade praticamente proibida, sem showmícios, outdoors e muros, a Câmara Municipal de São Paulo terá sua menor renovação nas últimas décadas.
A partir de 1º de janeiro, serão apenas 16 novos vereadores em relação à bancada atual, 29,09% do total. Em 2004, saíram das urnas 25 caras novas, 45,45% das cadeiras. A menor renovação havia sido em 1996 -35 se reelegeram, garantindo uma renovação de 36,36%.
"Para a insatisfação que se tem com a política, [a renovação] me parece pouco", afirmou Carlos Melo, cientista político e professor do Ibmec-SP.
Se compararmos os eleitos anteontem com quem tomou posse há quatro anos, o percentual de renovação sobe um pouco: 30,91%, ou 17 caras novas. Em 2004, o índice foi de 52,7%.
Rui Tavares Maluf, da Escola de Sociologia e Política, já apontava, em sua tese de doutorado, "A Carreira Política na Câmara Municipal de São Paulo", defendida em 2006, que havia uma tendência de queda na renovação dos quadros do Legislativo paulistano. Ele analisou números desde 1982.
Para Fernando Azevedo, da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos), o percentual de renovação na capital não foi surpreendente. "Essa taxa flutua ao longo dos períodos eleitorais. Em períodos de grandes descréditos, com escândalos, a taxa é de aproximadamente 60%", afirmou. Foi assim em 2000, quando vereadores estavam envolvidos nas investigações da máfia dos fiscais.
Quem mais trouxe caras novas à Câmara foi a coligação de Marta Suplicy, com cinco novos nomes (três do PT e dois do PC do B). O PSDB terá três novos parlamentares, incluindo o mais votado, Gabriel Chalita. O DEM, de Gilberto Kassab, e o PP, de Paulo Maluf, renovaram duas cadeiras cada um.
O quadro eleitoral mostrou um crescimento do PSDB, que, ao contrário das projeções, ganhou uma cadeira e terá 13 vereadores. Já o PT terá um vereador a menos. A cadeira foi "cedida" ao PC do B, que sai de zero para dois parlamentares.
Diante dessa realidade, fica claro que tanto Kassab quanto Marta não terão dificuldades com a Câmara, seja quem for o eleito. "A Câmara não tem uma tradição de rigidez ideológica. Há uma barganha entre vereadores e prefeitura. O prefeito irá governar com facilidade", afirmou Fernando Azevedo.


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