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JANIO DE FREITAS
Privatizações ontem e amanhã
Por mais que o governo acuse sindicalistas e funcionários do Banespa de dificultar a
privatização do banco, o adiamento do leilão e a revisão do
preço mínimo de venda são,
agora, exigências morais, legais
e materiais de dois fatores acima daquelas correntes acusadas.
A recente evidência, para a
opinião pública, de que a privatização concebida pelo governo
transfere ao comprador lucros
excelentes que o banco vem obtendo, antes da venda, preparou
o escândalo se não forem revistas as condições do negócio.
Versão prática de tal reação, o
Ministério Público Federal
questiona, por intermédio do
procurador Alexandre Camanho, a avaliação adotada pelo
governo. Economistas da Unicamp e do Dieese concluíram
que o valor atribuído ao Banespa corresponde a perto de metade do valor real.
O que se passa com o banco,
pelos elementos concretos que
tem proporcionado sobre os descaminhos de sua venda, tem influências que iluminam privatizações passadas e se projetam
sobre privatizações pretendidas.
Os erros comprovados -vá lá
que fossem só erros, falhas sem
intenção- nas avaliações para
privatização, como o recente
desconto do mesmo R$ 1 bilhão
duas vezes, dão vigor às denúncias de que outras vendas foram
feitas com prejuízos altos para
os cofres públicos. O que abre
possibilidades futuras já muito
preocupantes para as figuras do
governo envolvidas, a qualquer
altura, com privatizações.
Ainda pelos mesmos efeitos,
mas com outro sentido, as condições e o valor questionados
projetam alertas sobre privatizações que o governo articula
com cuidado para que não
saiam do sigilo. É o caso da privatização de aeroportos, que
promete se tornar um assunto
daqueles. Ou já é.
O preferido
A preferência dos procuradores da República, manifestada
em consulta direta, para a vaga
no Supremo Tribunal Federal
recaiu no jurista Fábio Konder
Comparato.
A consulta tinha por finalidade o encaminhamento de uma
lista tríplice de sugestão a Fernando Henrique Cardoso, que
se antecipou indicando a juíza
gaúcha Ellen Northfleet.
A juíza, por sinal, foi procuradora da República no Rio Grande do Sul. É tida como conservadora e dela não se devem esperar votos que sejam contrários
ao governo, caso a posição governista esteja sob risco.
Os craques
Se Al Gore perder, a pátria dos
marqueteiros políticos tem uma
ótima história para explorar. Só
na última semana da campanha o time de Gore identificou
um erro grave, ao excluir Bill
Clinton da campanha por causa
de sua suposta imagem.
Com as taxas inabaláveis do
alto prestígio de Clinton, os
marqueteiros cobraram fortunas para, afinal de contas, retirar de Gore um impulso de campanha que talvez lhe desse a vitória sozinho.
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