São Paulo, terça-feira, 07 de novembro de 2000

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JANIO DE FREITAS
Privatizações ontem e amanhã

Por mais que o governo acuse sindicalistas e funcionários do Banespa de dificultar a privatização do banco, o adiamento do leilão e a revisão do preço mínimo de venda são, agora, exigências morais, legais e materiais de dois fatores acima daquelas correntes acusadas.
A recente evidência, para a opinião pública, de que a privatização concebida pelo governo transfere ao comprador lucros excelentes que o banco vem obtendo, antes da venda, preparou o escândalo se não forem revistas as condições do negócio. Versão prática de tal reação, o Ministério Público Federal questiona, por intermédio do procurador Alexandre Camanho, a avaliação adotada pelo governo. Economistas da Unicamp e do Dieese concluíram que o valor atribuído ao Banespa corresponde a perto de metade do valor real.
O que se passa com o banco, pelos elementos concretos que tem proporcionado sobre os descaminhos de sua venda, tem influências que iluminam privatizações passadas e se projetam sobre privatizações pretendidas. Os erros comprovados -vá lá que fossem só erros, falhas sem intenção- nas avaliações para privatização, como o recente desconto do mesmo R$ 1 bilhão duas vezes, dão vigor às denúncias de que outras vendas foram feitas com prejuízos altos para os cofres públicos. O que abre possibilidades futuras já muito preocupantes para as figuras do governo envolvidas, a qualquer altura, com privatizações.
Ainda pelos mesmos efeitos, mas com outro sentido, as condições e o valor questionados projetam alertas sobre privatizações que o governo articula com cuidado para que não saiam do sigilo. É o caso da privatização de aeroportos, que promete se tornar um assunto daqueles. Ou já é.

O preferido
A preferência dos procuradores da República, manifestada em consulta direta, para a vaga no Supremo Tribunal Federal recaiu no jurista Fábio Konder Comparato.
A consulta tinha por finalidade o encaminhamento de uma lista tríplice de sugestão a Fernando Henrique Cardoso, que se antecipou indicando a juíza gaúcha Ellen Northfleet.
A juíza, por sinal, foi procuradora da República no Rio Grande do Sul. É tida como conservadora e dela não se devem esperar votos que sejam contrários ao governo, caso a posição governista esteja sob risco.

Os craques
Se Al Gore perder, a pátria dos marqueteiros políticos tem uma ótima história para explorar. Só na última semana da campanha o time de Gore identificou um erro grave, ao excluir Bill Clinton da campanha por causa de sua suposta imagem.
Com as taxas inabaláveis do alto prestígio de Clinton, os marqueteiros cobraram fortunas para, afinal de contas, retirar de Gore um impulso de campanha que talvez lhe desse a vitória sozinho.


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