São Paulo, terça-feira, 07 de novembro de 2000

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QUESTÃO INDÍGENA
Cinco já morreram em razão de doença
Epidemia de catapora atinge mais de 200 índios arauetés no Pará

DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELÉM


Cinco índios arauetés morreram nos últimos dias por causa de epidemia de catapora que atinge cerca de 70% dos 274 índios da aldeia Ipixuna, em Altamira (PA).
Outros 22 índios atingidos com gravidade pela doença estão internados no hospital São Rafael e na Casa do Índio de Altamira (771 km a sudoeste de Belém e cerca de 1.000 km ao norte da aldeia).
Morreram três idosas, uma recém-nascida e um homem de 40 anos pela combinação entre o agravamento da doença e problemas respiratórios.
"A catapora acabou baixando a resistência dessas pessoas, que já tinham problemas respiratórios comuns aos arauetés, fruto de costumes como dormir ao relento e falta de uma alimentação adequada", disse Tereza Fialho, chefe do Distrito Sanitário Especial Indígena da Funasa (Fundação Nacional de Saúde) em Altamira.
Fialho afirmou que, em vários casos, houve complicações porque os índios usaram espinhos para estourar as bolhas de catapora, o que infeccionou as feridas.
Segundo a funcionária, várias tribos das 12 reservas indígenas de Altamira sofreram surtos de catapora, mas houve mortes apenas entre os arauetés.
Para Marco Antonio Reis, do Cimi (Conselho Indigenista Missionário) de Altamira, a Funasa demorou para socorrer os índios. "Os casos de catapora na região estão acontecendo desde julho."
O procurador da República Felício Pontes Júnior pediu a abertura de inquérito para apurar os responsáveis. Fialho disse que a Funasa vinha acompanhando o surto de catapora e que não houve displicência. (LUÍS INDRIUNAS)


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