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CAIXA DE CAMPANHA
Prazo para alterar lei e introduzir financiamento público em 2002 foi esgotado
Congresso mantém financiamento privado
LUIZA DAMÉ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Nem os partidos de oposição
nem os governistas se empenharam para mudar as regras de financiamento das campanhas eleitorais. Os congressistas mantiveram o sistema que facilita a existência de caixa dois -dinheiro
recebido pelos candidatos, mas
não declarado na prestação de
contas à Justiça Eleitoral.
As regras só poderiam ser alteradas até o último dia 6 de outubro para valer para as próximas
eleições. Agora, qualquer alteração só valerá para as eleições municipais de 2004.
O sistema atual permite que
empresas e pessoas físicas doem
dinheiro para as campanhas. Segundo a Lei Eleitoral, as empresas
podem fazer doações até o limite
de 2% do faturamento bruto do
ano anterior. Para as pessoas físicas, o limite é de até 10% dos rendimentos brutos do ano anterior.
É na prestação de contas que está a brecha para as irregularidades. Como a declaração de gastos
é feita depois da eleição, não há
como confirmar se o custo apresentado pelos candidatos é compatível com a campanha realizada. No Congresso, há 11 projetos
de financiamento público de
campanha. O mais adiantado,
apresentado pelo senador Sérgio
Machado (PMDB-CE), já passou
pelo Senado e está parado na Câmara. O projeto prevê que o financiamento será exclusivamente público, com recursos previstos
no Orçamento da União de acordo com o número de eleitores e
distribuído conforme o total de
deputados eleitos por partido.
O presidente da Câmara, Aécio
Neves (PSDB-MG), incluiu o financiamento público de campanha no pacote ético -conjunto
de projetos para melhorar a imagem do Congresso-, mas não
houve acordo para votação da
proposta. Em tese, os partidos se
manifestam favoráveis ao financiamento público das campanhas
eleitorais, mas sempre apresentam dificuldades para aprovar esse sistema. Alguns vinculam à votação do financiamento à de outras propostas da reforma política, como a fidelidade partidária.
Mas o argumento mais usado é
que, num período de crise econômica, ficaria muito difícil explicar
à sociedade que não há dinheiro
para investimentos na saúde e na
educação, mas existe verba para
financiar as campanhas eleitorais.
"É muito complicado explicar
isso num momento em que a classe política está com a imagem
desgastada", disse o líder do PT
na Câmara, Walter Pinheiro (BA).
Congressistas dos mais variados
partidos admitem, em conversas
reservadas, que a maior parte dos
candidatos sonega gastos de campanha à Justiça Eleitoral.
No final do ano passado, a Folha divulgou planilhas do comitê
da eleição e da reeleição de Fernando Henrique Cardoso, em que
apareciam supostas doações para
a campanha não declaradas ao
TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
O material mais detalhado sobre o caixa dois foi divulgado ontem na Folha: documentos indicam que o PFL omitiu da Justiça
Eleitoral R$ 29,7 milhões da campanha do prefeito de Curitiba,
Cassio Taniguchi, em 2000.
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