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PIAUÍ
Governador, condenado por abuso de poder econômico em 98, pode recorrer
TSE cassa mandato de Mão Santa
SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) decidiu ontem por unanimidade cassar o mandato do governador do Piauí, Francisco de
Assis Moraes Souza (PMDB), o
Mão Santa, em processo no qual
ele é acusado de abuso do poder
econômico e político na campanha à reeleição, em 1998.
Mão Santa ainda pode recorrer
ao próprio TSE e ao STF (Supremo Tribunal Federal), mas, se não
conseguir liminar suspendendo
os efeitos da condenação, deverá
deixar o cargo imediatamente.
Nessa hipótese, ele será substituído pelo senador Hugo Napoleão (PFL), que ficou em segundo
lugar na disputa ao governo por
uma diferença de 23 mil votos.
O advogado e ex-ministro do
TSE Eduardo Alckmin, que representa o governador, disse que
aguardará a notificação do seu
cliente e informou que estuda o
recurso a ser apresentado.
Não há registro de cassação de
mandato de governador por abuso de poder. A condenação também atinge o vice-governador,
Osmar Ribeiro de Almeida Júnior
(PC do B). Os dois são acusados
de 22 irregularidades, das quais 9
foram consideradas válidas pelo
TSE. Algumas delas são distribuição de remédios a eleitores, anistia de contas de água e promoção
pessoal por meio da divulgação
de programas sociais com nomes
associados a seu apelido, a exemplo do "Sopa na Mão".
Eles haviam sido absolvidos pelo Tribunal Regional Eleitoral,
mas Hugo Napoleão recorreu ao
TSE. A decisão do TSE considerou que esses abusos tiveram o
potencial de influenciar no resultado da eleição.
O relator do recurso, ministro
Nelson Jobim, foi deputado pelo
PMDB do Rio Grande do Sul. Como os outros, votou pela cassação. O procurador-geral eleitoral,
Geraldo Brindeiro, havia recomendado a condenação, em parecer concluído em abril deste ano.
A Justiça Eleitoral só opta pela
condenação em situações consideradas excepcionalíssimas. Foi o
caso de dois senadores: Humberto Lucena (PMDB-PB), em 1994, e
Ernandes Amorim (PPB-RO), em
2000. Lucena havia usado a gráfica do Senado para confeccionar
calendários de campanha. Ele só
não perdeu o mandato porque foi
anistiado por uma lei aprovada
pelo Congresso e sancionada pelo
presidente Fernando Henrique
Cardoso em 1995.
Amorim foi condenado por
abuso na campanha de 1994,
quando era prefeito de Ariquemes e teria sido beneficiado com
inauguração de uma obra de eletrificação rural no interior, chamada "Linhão".
Tanto Mão Santa quanto Hugo
Napoleão serão representados no
TSE por ex-ministros do tribunal
que exerceram mandato temporário em vagas destinadas a advogados. Eduardo Alckmin, primo
do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), defenderá
o governador. Torquato Jardim
defenderá o senador.
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