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Presidente do STF critica aumento
SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente do STF (Supremo
Tribunal Federal), ministro Marco Aurélio de Mello, disse que o
provável aumento do salário de
deputados e senadores para R$ 17
mil deverá provocar entre juízes a
expectativa de nova elevação salarial, criando um "círculo vicioso".
Segundo Marco Aurélio, o Congresso tem o poder de estabelecer
o valor que entender adequado.
"O limite é o céu." Mas acrescentou: "O único perigo é o círculo vicioso." O último aumento do Judiciário foi em junho, por lei.
O efeito cascata seria decorrente
de uma diferença entre a remuneração de ministros do STF, de R$
17 mil, e a pretendida pelos congressistas, no mesmo valor. A
exemplo dos demais juízes e de
servidores de carreira, os ministros recebem gratificação por
tempo de serviço, de até 35% do
salário. Os membros do Congresso não têm direito a ela.
Formalmente, os ministros do
Supremo têm salário de R$
12.720, acrescido daquela gratificação. Para muitos juízes, os congressistas deveriam usar esse valor como referência e desprezar a
verba extra do Judiciário.
Marco Aurélio afirmou que os
deputados e os senadores têm
vantagens que não são pagas aos
magistrados, como 14º e 15º salário. A tendência é que os juízes
queiram recebê-las também, em
nome da equivalência de remuneração entre os dois Poderes.
O presidente da AMB (Associação dos Magistrados Brasileiros),
Cláudio Baldino, tem a mesma
preocupação. "Tudo indica que,
se o Congresso chegar ao valor de
R$ 17 mil, alguns setores da magistratura vão nos pressionar."
Segundo a Folha apurou, desde
que a articulação do aumento no
Congresso se tornou pública,
muitos magistrados têm telefonado para a sua associação de classe
com o objetivo de pressionar a entidade para que inicie mobilização por novo aumento.
Reajustes no Judiciário também
costumam provocar expectativas
semelhantes no Legislativo, o que
explicaria o temor do "círculo vicioso". Em junho, quando sancionou o aumento dos juízes, o presidente Fernando Henrique Cardoso revogou, por medida provisória, o dispositivo de uma lei de
1992 (nº 8.448) que autorizava a
equivalência entre os dois Poderes. O objetivo era impedir que
deputados e senadores usassem
essa lei para justificar um aumento semelhante ao do STF.
Mas Baldino disse que o efeito
pode ter sido inverso. Para ele, se
a vinculação entre a remuneração
do Congresso e da Justiça vigorasse, congressistas teriam que ficar
limitados a R$ 12.720.
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