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TRANSIÇÃO
Partidos poderiam lançar Marco Maciel para presidente do Senado; Bornhausen tenta levar Sarney para o PFL
PSDB e PFL reagem ao acordo PT-PMDB
RAQUEL ULHÔA
RAYMUNDO COSTA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O acordo entre PT e PMDB para
divisão das presidências da Câmara e do Senado provocou imediata reação do PSDB e do PFL
contra a exclusão das duas siglas
na repartição do poder no Congresso. As conversas ocorrem em
duas frentes: formação de aliança
para disputar as duas Mesas ou de
blocos parlamentares para fazer
oposição ao novo governo.
No Senado, as conversas estão
mais avançadas e incluem o PDT,
sigla que apoiou Luiz Inácio Lula
da Silva no segundo turno da eleição. Os líderes José Agripino
(PFL), Geraldo Melo (PSDB) e o
vice-líder Jefferson Péres (PDT)
articulam o lançamento de um
candidato à presidência. O nome
cotado é o do vice-presidente da
República, Marco Maciel, eleito
senador pelo PFL de Pernambuco. Péres também é uma opção.
Pelo resultado da eleição em outubro, o PFL terá 19 senadores, a
mesma bancada do PMDB. Apesar do empate, o PMDB está sendo tratado pelo PT como o partido majoritário do Senado. "No
momento, o PFL tem igualdade
de condições com o PMDB. Em
fevereiro, essa matemática pode
ser diferente", disse o presidente
do PFL, Jorge Bornhausen.
As duas legendas contam com
novas adesões. Bornhausen disse
que, há um ano, convidou o senador José Sarney (PMDB-AP) para
se filiar ao PFL: "Ele recusou, mas
o convite é permanente", declarou. Sarney quer disputar a presidência do Senado, mas não conta
com o apoio da cúpula do PMDB.
Pelos números saídos das urnas, PSDB, PFL e PDT terão uma
bancada de 35 senadores -menos que os 41 votos necessários
para eleger o presidente da Casa.
Os seis restantes poderiam vir do
PPB, PTB e dissidentes do PMDB.
Na Câmara, os entendimentos
estão em fase preliminar. Ontem,
o presidente do PSDB, deputado
José Aníbal (SP), procurou o líder
do PFL na Câmara, Inocêncio Oliveira (PE), com a proposta de
aliança. Naquela Casa, o eventual
aliado dos dois partidos seria o
PPB. Inocêncio foi receptivo, mas
pediu que Aníbal procurasse Bornhausen, o que ocorreu à tarde.
No caso da Câmara, o bloco reuniria 205 deputados. O candidato
seria do PSDB. O nome mais cotado seria o do líder do governo, deputado Arnaldo Madeira (SP).
A formação de bloco parlamentar seria mais complicada do que
alianças pontuais, inclusive para
eleger os presidentes da Câmara e
do Senado. Cada partido integrante de bloco perde várias regalias, como líder próprio, vagas, e
privilégios regimentais.
Apesar do acordo PT-PMDB,
Aníbal ainda não descarta a possibilidade de os peemedebistas se
aliarem ao PSDB num eventual
bloco. Mas o PMDB, embora diga
que as portas para um entendimento com o PSDB não estão fechadas, está empolgado com o
aceno do PT e conta que, no futuro, será um aliado do governo.
Tudo dependerá do comportamento a ser adotado por Lula na
eleição do Senado. A cúpula peemedebista ameaça "melar" o
acordo se perceber algum movimento de Lula para favorecer a escolha de Sarney na bancada.
Hoje será um dia decisivo para
as negociações. O presidente Fernando Henrique Cardoso, o candidato derrotado José Serra, governadores atuais e eleitos do
PSDB e líderes participam de um
almoço na residência oficial do
governador eleito de Minas, Aécio Neves. Ressentidas com a derrota, os tucanos falam muito em
oposição. Mas a palavra dos governadores terá peso decisivo.
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