São Paulo, quinta-feira, 07 de novembro de 2002

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TRANSIÇÃO

Partidos poderiam lançar Marco Maciel para presidente do Senado; Bornhausen tenta levar Sarney para o PFL

PSDB e PFL reagem ao acordo PT-PMDB

RAQUEL ULHÔA
RAYMUNDO COSTA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O acordo entre PT e PMDB para divisão das presidências da Câmara e do Senado provocou imediata reação do PSDB e do PFL contra a exclusão das duas siglas na repartição do poder no Congresso. As conversas ocorrem em duas frentes: formação de aliança para disputar as duas Mesas ou de blocos parlamentares para fazer oposição ao novo governo.
No Senado, as conversas estão mais avançadas e incluem o PDT, sigla que apoiou Luiz Inácio Lula da Silva no segundo turno da eleição. Os líderes José Agripino (PFL), Geraldo Melo (PSDB) e o vice-líder Jefferson Péres (PDT) articulam o lançamento de um candidato à presidência. O nome cotado é o do vice-presidente da República, Marco Maciel, eleito senador pelo PFL de Pernambuco. Péres também é uma opção.
Pelo resultado da eleição em outubro, o PFL terá 19 senadores, a mesma bancada do PMDB. Apesar do empate, o PMDB está sendo tratado pelo PT como o partido majoritário do Senado. "No momento, o PFL tem igualdade de condições com o PMDB. Em fevereiro, essa matemática pode ser diferente", disse o presidente do PFL, Jorge Bornhausen.
As duas legendas contam com novas adesões. Bornhausen disse que, há um ano, convidou o senador José Sarney (PMDB-AP) para se filiar ao PFL: "Ele recusou, mas o convite é permanente", declarou. Sarney quer disputar a presidência do Senado, mas não conta com o apoio da cúpula do PMDB.
Pelos números saídos das urnas, PSDB, PFL e PDT terão uma bancada de 35 senadores -menos que os 41 votos necessários para eleger o presidente da Casa. Os seis restantes poderiam vir do PPB, PTB e dissidentes do PMDB.
Na Câmara, os entendimentos estão em fase preliminar. Ontem, o presidente do PSDB, deputado José Aníbal (SP), procurou o líder do PFL na Câmara, Inocêncio Oliveira (PE), com a proposta de aliança. Naquela Casa, o eventual aliado dos dois partidos seria o PPB. Inocêncio foi receptivo, mas pediu que Aníbal procurasse Bornhausen, o que ocorreu à tarde.
No caso da Câmara, o bloco reuniria 205 deputados. O candidato seria do PSDB. O nome mais cotado seria o do líder do governo, deputado Arnaldo Madeira (SP).
A formação de bloco parlamentar seria mais complicada do que alianças pontuais, inclusive para eleger os presidentes da Câmara e do Senado. Cada partido integrante de bloco perde várias regalias, como líder próprio, vagas, e privilégios regimentais.
Apesar do acordo PT-PMDB, Aníbal ainda não descarta a possibilidade de os peemedebistas se aliarem ao PSDB num eventual bloco. Mas o PMDB, embora diga que as portas para um entendimento com o PSDB não estão fechadas, está empolgado com o aceno do PT e conta que, no futuro, será um aliado do governo.
Tudo dependerá do comportamento a ser adotado por Lula na eleição do Senado. A cúpula peemedebista ameaça "melar" o acordo se perceber algum movimento de Lula para favorecer a escolha de Sarney na bancada.
Hoje será um dia decisivo para as negociações. O presidente Fernando Henrique Cardoso, o candidato derrotado José Serra, governadores atuais e eleitos do PSDB e líderes participam de um almoço na residência oficial do governador eleito de Minas, Aécio Neves. Ressentidas com a derrota, os tucanos falam muito em oposição. Mas a palavra dos governadores terá peso decisivo.



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