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NO AR
A transição
NELSON DE SÁ
EDITOR DA ILUSTRADA
O petista Aloizio Mercadante questionou a venda
das ações do Banco do Brasil e
acabou desautorizado pelo petista Antônio Palocci, ainda ontem na Jovem Pan.
Mas não por Míriam Leitão! A
comentarista questionou a legitimidade do atual governo para
fazer a venda, legitimidade que
havia sido afirmada por Pedro
Malan.
Batendo de frente com a equipe econômica, fato raro, comentou ela:
- Eu estou confusa... O PT
tem bons argumentos. E o governo também. Se eu fosse dar
uma opinião definitiva, (a venda) deveria ser deixada para o
próximo governo. É a venda de
um ativo, uma decisão muito
importante para tomar dois meses antes do fim.
Inesperadamente à esquerda
até de Lula e Antônio Palocci, a
comentarista não parou por aí.
Agora está voltando a sua atenção também para a fome. Por
exemplo:
- O que eu tenho sentido nas
instituições multilaterais de crédito é um interesse grande de
ajudar o Brasil na guerra contra
a fome.
Mas a mudança de discurso
também não é assim, completa.
Seguindo com ela:
- O presidente eleito vai se
encontrar com um representante chileno, que traz uma mensagem do presidente Ricardo Lagos, que é do Partido Socialista.
Ele quer contar como é que se
constitui um governo socialista.
Quanto mais ouvir Ricardo Lagos, melhor.
Por quê?
- Ele é um bom exemplo na
América Latina: mantém os
fundamentos todos, inflação sob
controle, país aberto ao capital
estrangeiro, e faz um programa
socialista forte, voltado para o
social.
Para encerrar a "confusa"
transição de discurso, moral da
história:
- Não há conflito ideológico
entre ser de esquerda e ser a favor de equilíbrio orçamentário.
Não é de direita, não é neoliberal o projeto de um país com
equilíbrio fiscal.
Está lançada a ponte para a
transição de FHC a Lula.
Na Globo, é toda a cobertura
de economia que se adapta. Sobre outro tema, o também comentarista Joelmir Beting também se insurgiu contra o atual
governo:
- O vilão da inflação é o
câmbio, mas não dos importados e sim dos produtos nacionais que usam o câmbio como
pretexto. É o caso do petróleo,
produzido no Brasil.
Mas nada se compara à charge animada que abriu o Jornal
Nacional esta semana, em que
FHC passa, em vez de um bastão, uma bomba para o futuro
presidente.
E o ainda presidente sorri,
quando a bomba explode nas
mãos de Lula.
O peemedebista Michel Temer
está todo prosa, depois que José
Dirceu foi até sua casa fechar
um acordo. Em entrevista ao
Bom Dia Brasil, ele batia no peito e declarava:
- O PMDB não quer fisiologia. O PMDB se nega a trocar
apoio por cargos.
Comentário dela, Míriam Leitão, sobre a entrevista:
- Sabe aquilo de não dizer
exatamente o que pensa? Ele estava assim. O PMDB vai ser fiel
da balança, então está fazendo
jogo duro.
A paciência com Temer está
perto de acabar.
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