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CASO CC5
PF encontra com Youssef cheque nominal ao deputado José Janene (PP)
Papéis mostram elo entre doleiro, deputado e policiais
JOSÉ MASCHIO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA
Documentos apreendidos pela
Polícia Federal no último domingo mostram ligações do doleiro
Alberto Youssef, 37, com policiais
federais e com o deputado federal
José Janene, presidente do PP no
Estado do Paraná.
Alberto Youssef é considerado
um dos principais articuladores
do esquema de remessas ilegais
de dinheiro para o exterior por
meio de contas CC5 (de não-residentes no Brasil) entre os anos de
1996 e 1999.
No último domingo, Youssef foi
preso em Londrina (norte do Paraná) por policiais federais da força-tarefa que investiga remessas
ilegais de dinheiro para o exterior
pelo Banestado (Banco do Estado
do Paraná, que foi privatizado em
2000). Essa força-tarefa também é
composta por procuradores da
República.
Quando foi preso, Youssef levava no bolso um cheque de R$ 150
mil, datado de 2003, assinado pelo
advogado Vandocir José dos Santos, nominal ao deputado federal
José Janene. No verso do cheque,
anotado à mão, o advogado informava ao doleiro que o cheque se
referia a "caução pela equivalência de US$ 80 mil".
Ações na Justiça
Advogado em Londrina, Vandocir José dos Santos sofre ação
na Justiça Federal por crime de
sonegação fiscal. Ele não teria declarado imposto de renda nos últimos cinco anos.
O processo contra Santos ocorreu depois que o Ministério Público do Paraná, que investigava desvios de verbas na Prefeitura de
Londrina em 1999, descobriu que
o advogado havia comprado, por
R$ 450 mil, um apartamento do
então prefeito, Antônio Belinati
(na época no PFL).
As investigações do Ministério
Público do Paraná levaram à cassação, em 2000, do prefeito Antônio Belinati.
O deputado federal José Janene
é réu em seis processos que apuram os beneficiados pelas fraudes
em Londrina. Ele teve parte de
seus bens indisponibilizados pela
Justiça.
Também investigado, Alberto
Youssef é acusado de abrir contas
em nome de laranjas no Banestado, em Londrina, para remeter ao
exterior parte do dinheiro desviado no município.
Relações com a PF
Janene e o deputado federal
Paulo Bernardo (PT-PR) são
apontados como os responsáveis
pela indicação do diretor da divisão da Polícia Federal em Londrina, Sandro Roberto Viana dos
Santos.
Youssef tem desde 1997 colaborado com projetos do Sindicato
dos Policiais Federais no Paraná.
Em março deste ano, o delegado
Nilson Souza foi afastado das investigações sobre o doleiro pela
Polícia Federal em Londrina. O
Ministério Público Federal descobriu que Souza havia se hospedado em Londrina, em outubro de
1997, com as despesas pagas pela
empresa de Youssef, a Youssef
Câmbio e Turismo.
Na época, Souza era delegado
em Foz do Iguaçu (PR) e foi a
Londrina para uma festa da comunidade árabe.
A mesma empresa do doleiro, a
Youssef Câmbio e Turismo, patrocinou a impressão de 2.500
cartilhas de um projeto educativo,
em 1998, para o Sindicato dos Policiais Federais do Paraná. A cartilha "O Brasileirinho" é cópia de
um projeto de policias federais
dos Estados Unidos para prevenção às drogas nas escolas.
A Agência Folha teve acesso a
cópias do recibo emitido pelo Sindicato dos Policiais Federais do
Paraná e do cheque, no valor de
R$ 5.000, com o qual a Youssef
Câmbio e Turismo pagou pela
impressão das cartilhas.
Souza e Santos seriam os incentivadores do projeto "O Brasileirinho" em Londrina.
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