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"Se fosse na ditadura, eu já estava fuzilado", diz Cassol
Governador de RO afirma que não pôde se defender de denúncias junto ao TRE
Cassado por compra de votos e outras acusações, Cassol obteve liminar no TSE para continuar no cargo; ele se diz vítima de perseguição
MATHEUS PICHONELLI
DA AGÊNCIA FOLHA
"Se fosse na ditadura eu já estava fuzilado." É assim que o
governador de Rondônia, Ivo
Cassol (sem partido), 49, classifica a cassação de mandato sofrida no TRE (Tribunal Regional Eleitoral). Após obter no
TSE (Tribunal Superior Eleitoral) liminar que suspende a decisão, Cassol disse que não teve
chance de se defender.
Cassado por compra de votos
e abuso de poder nas eleições
de 2006, ele é também suspeito
de usar o cargo para impedir investigações sobre corrupção.
FOLHA - O sr. acredita que nova
eleição ocorrerá no Estado, como
determinou o TRE?
IVO CASSOL - Não acredito que a
injustiça prevaleça. Não tem
nada nos autos contra a minha
pessoa. Mesmo assim fui morto, crucificado e enterrado.
FOLHA - A relatora se disse convencida de seu envolvimento e que a
Policia Civil do seu Estado coagiu
testemunhas. A mãe de uma delas
teve a casa alvejada por tiros.
CASSOL - Os processos foram
misturados. Se após as eleições
eu cometi algum erro, quem
tem que me julgar é o STJ [Superior Tribunal de Justiça]. Será que quem deu esse tiro não
foi quem seria beneficiado pela
cassação do senador Expedito
Júnior [também cassado pelo
TRE]? Uma pessoa que daria
depoimento contra mim se
sentiu coagida pela Polícia Federal e procurou a Civil, a quem
cabe apurar os fatos não eleitorais. O que apuraram não tinha
nada a ver com compra de votos. O Ministério Público está
criando isso, a relatora [do processo no TRE, Ivanira Borges]
foi no embalo. Fui julgado politicamente. Se me sentir lesado,
não tenho direito de ir ao TSE?
Não me deram esse direito.
FOLHA - Mas o sr. não compareceu
ao julgamento no TRE.
CASSOL - Porque já estava tudo
definido antes. Seria unanimidade contra mim. Se fosse na
ditadura, estava fuzilado. Não
poderia me defender.
FOLHA - O governo do sr. foi marcado por crises e investigações. Isso
cria instabilidade no Estado?
CASSOL - O trabalho da PF e das
instituições continuam independentemente das eleições.
Fico triste com isso, mas vou
continuar lutando. Isso me deixa cada vez mais forte. Eu tenho esse Reginaldo [Pereira da
Trindade, procurador regional
eleitoral] na minha cola não é
de agora. É questão pessoal,
doentia, dele contra mim desde
que eu era prefeito em Rolim de
Moura [RO] e ele era promotor.
FOLHA - O sr. pensou em renunciar
pra garantir os direitos políticos?
CASSOL - Nem que a vaca tussa.
Jamais faria essa desfeita com
povo do Estado que me elegeu.
FOLHA - O fato de o sr. não estar filiado a nenhum partido é sinal de
enfraquecimento?
CASSOL - Todos os partidos gostariam de ter o governador Ivo
Cassol. Minha conduta deixou
inimigos. Sou polêmico, mas
minhas condutas são sérias.
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