São Paulo, sexta-feira, 07 de novembro de 2008

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"Se fosse na ditadura, eu já estava fuzilado", diz Cassol

Governador de RO afirma que não pôde se defender de denúncias junto ao TRE

Cassado por compra de votos e outras acusações, Cassol obteve liminar no TSE para continuar no cargo; ele se diz vítima de perseguição

MATHEUS PICHONELLI
DA AGÊNCIA FOLHA

"Se fosse na ditadura eu já estava fuzilado." É assim que o governador de Rondônia, Ivo Cassol (sem partido), 49, classifica a cassação de mandato sofrida no TRE (Tribunal Regional Eleitoral). Após obter no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) liminar que suspende a decisão, Cassol disse que não teve chance de se defender. Cassado por compra de votos e abuso de poder nas eleições de 2006, ele é também suspeito de usar o cargo para impedir investigações sobre corrupção.

 

FOLHA - O sr. acredita que nova eleição ocorrerá no Estado, como determinou o TRE?
IVO CASSOL
- Não acredito que a injustiça prevaleça. Não tem nada nos autos contra a minha pessoa. Mesmo assim fui morto, crucificado e enterrado.

FOLHA - A relatora se disse convencida de seu envolvimento e que a Policia Civil do seu Estado coagiu testemunhas. A mãe de uma delas teve a casa alvejada por tiros.
CASSOL
- Os processos foram misturados. Se após as eleições eu cometi algum erro, quem tem que me julgar é o STJ [Superior Tribunal de Justiça]. Será que quem deu esse tiro não foi quem seria beneficiado pela cassação do senador Expedito Júnior [também cassado pelo TRE]? Uma pessoa que daria depoimento contra mim se sentiu coagida pela Polícia Federal e procurou a Civil, a quem cabe apurar os fatos não eleitorais. O que apuraram não tinha nada a ver com compra de votos. O Ministério Público está criando isso, a relatora [do processo no TRE, Ivanira Borges] foi no embalo. Fui julgado politicamente. Se me sentir lesado, não tenho direito de ir ao TSE? Não me deram esse direito.

FOLHA - Mas o sr. não compareceu ao julgamento no TRE.
CASSOL
- Porque já estava tudo definido antes. Seria unanimidade contra mim. Se fosse na ditadura, estava fuzilado. Não poderia me defender.

FOLHA - O governo do sr. foi marcado por crises e investigações. Isso cria instabilidade no Estado?
CASSOL
- O trabalho da PF e das instituições continuam independentemente das eleições. Fico triste com isso, mas vou continuar lutando. Isso me deixa cada vez mais forte. Eu tenho esse Reginaldo [Pereira da Trindade, procurador regional eleitoral] na minha cola não é de agora. É questão pessoal, doentia, dele contra mim desde que eu era prefeito em Rolim de Moura [RO] e ele era promotor.

FOLHA - O sr. pensou em renunciar pra garantir os direitos políticos?
CASSOL
- Nem que a vaca tussa. Jamais faria essa desfeita com povo do Estado que me elegeu.

FOLHA - O fato de o sr. não estar filiado a nenhum partido é sinal de enfraquecimento?
CASSOL
- Todos os partidos gostariam de ter o governador Ivo Cassol. Minha conduta deixou inimigos. Sou polêmico, mas minhas condutas são sérias.


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