|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Ex e atuais dirigentes do
BC respondem a 68 ações
GUILHERME BARROS
EDITOR DO PAINEL S.A.
Há atualmente no país 68 ações
correndo na Justiça contra ex-diretores e atuais diretores do Banco Central, em sua maioria movidas pelo Ministério Público.
O atual presidente do BC, Armínio Fraga, responde a 16 processos. Dos ex-diretores, o que responde a maior número de processos é o economista Francisco Lopes (95-99), com 19 ações contra
ele. Em segundo, vem Gustavo
Loyola (de 92 a 93 e de 95 a 97),
com 18 processos. Até Affonso
Celso Pastore, que presidiu o BC
de setembro de 83 a março de 95
(governo Figueiredo), ainda enfrenta uma ação.
A avalanche de processos contra ex-diretores do BC é um dos
motivos que têm sido alegados
por vários economistas sondados
pelas lideranças do PT para recusar cargos na diretoria do banco.
Um dos nomes convidados pelo
PT para a presidência do Banco
Central, o do economista Pedro
Bodin de Moraes, que ocupou a
diretoria da Área Internacional
do banco entre 91 e 92, no governo Fernando Collor de Mello, responde ainda hoje por dois processos. Um deles se refere à venda de
um terreno em Brasília.
Ao recusar o convite do PT para
assumir o cargo no BC, nas primeiras tentativas feitas pelas lideranças do partido, Bodin citou,
entre outras razões, a excessiva
vulnerabilidade dos diretores do
BC à processos na Justiça.
No exterior
O procurador do Banco Central,
Carlos Eduardo Monteiro, afirma
que não existe, em nenhum país
do mundo, tantos processos contra diretores e ex-diretores do BC
como no Brasil. "As leis dos outros países protegem mais os diretores do Banco Central", afirma o
procurador.
Em alguns países, segundo
Monteiro, há até foros privilegiados para diretores do Banco Central. De acordo com o procurador,
a maioria dos processos é defendida pelo departamento jurídico
do BC, mesmo aqueles envolvendo ex-diretores.
Monteiro diz também que as
ações movidas contra os diretores
do BC são de vários tipos. Há
ações contra o Proer (programa
de reestruturação financeira),
contra privatizações, contra liquidações extrajudiciais e contra os
empréstimos concedidos aos
bancos Marka e FonteCindan, entre outros processos.
O ex-presidente do Banco Central Gustavo Loyola, hoje na consultoria Tendências, afirma que
"uma das barreiras que dificultam a ida de bons quadros do setor privado para o setor público,
em particular para o BC, é a cultura do "denuncismo" instalada hoje
no Brasil, sob o patrocínio do Ministério Público".
Loyola cita como exemplo o fato de, recentemente, a atual diretoria do BC ter sofrido uma ação
de improbidade administrativa
por causa das perdas decorrentes
da chamada "marcação a mercado" dos fundos de investimento.
Pela regra adotada no fim de
maio, os fundos foram obrigados
a atualizar diariamente pelo valor
de mercado -e não pelo valor de
face- os títulos que tinham em
carteira. Como os títulos da dívida estavam em baixa, as cotas dos
fundos se desvalorizaram, provocando uma onda de saques.
Para o ex-presidente do BC,
"trata-se de um evidente absurdo,
porque a tese do Ministério Público implica a própria negação da
existência de risco nas aplicações
financeiras, tratando os investidores como hipossuficientes absolutos, totalmente cegos e ignorantes com relação à possibilidade de perdas nos investimentos".
Texto Anterior: Sem nome no BC, PT estuda opções a Bodin Próximo Texto: Transição: PT do Ceará veta Ciro no governo de Lula Índice
|