São Paulo, quinta-feira, 07 de dezembro de 2006

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Painel

Renata Lo Prete - painel@uol.com.br

Custo Serra

Chegou a Lula a primeira demanda importante de José Serra, tucano que o presidente pretende cortejar ao menos por enquanto. O governador eleito reivindica a exclusão do setor público da medida que permite ao trabalhador transferir, sem custo, o dinheiro da conta salário para o banco de sua preferência.
Em janeiro, a Nossa Caixa herdará do Santander Banespa 800 mil contas de servidores, monopolizando o pagamento da folha do Estado. Com a nova regra, o banco estatal paulista não terá controle sobre a aplicação desse dinheiro. No mercado, aposta-se que Serra repetirá o que fez na prefeitura: um leilão pela folha que rendeu ao município R$ 530 mi. A operação, porém, só atrairá o interesse dos bancos se Lula atender ao pleito daquele a quem chama de "amigo".

Périplo. No esforço pela mudança na conta salário, Serra já falou com com o presidente do BC, Henrique Meirelles, e com os ministros Guido Mantega e Paulo Bernardo. O futuro secretário da Fazenda, Mauro Ricardo, também foi ao titular do Planejamento para tratar do assunto.

Fala, Lula. O presidente foi aconselhado a convocar rede nacional para anunciar algo que se pareça com medidas concretas para solucionar o caos na aviação. Auxiliares temem que ele chegue à posse com a avaliação do governo em queda nas pesquisas.

Para quem pode. Paulo Maluf (PP-SP) contava ontem que, depois de esperar durante horas a fio pelo embarque para Brasília, resolveu alugar um jatinho. "Vou mandar a conta para o governo e para a companhia aérea."

Escaninho 1. A falta de regulamentação do direito de greve dos servidores públicos, um dos fatores a alimentar o movimento dos controladores de vôo, poderia ser contornada com o julgamento de um mandado de injunção adormecido no STF desde junho, após pedido de vista do ministro Ricardo Lewandowski.

Escaninho 2. O mandado foi ajuizado pelo Sindicato dos Policiais Civis do Espírito Santo contra o Congresso Nacional. Diante do pedido de vista, o ministro Gilmar Mendes entendeu que deve ser aplicada a Lei de Greve da iniciativa privada enquanto não houver regulamentação de lei específica para os servidores.

Dois discursos. Lula, que ao PSB sinalizou a intenção de recolocar Ciro Gomes na Integração Nacional, a petistas disse que não pretende fazê-lo ministro de novo, sob pena de "antecipar 2010".

Prévia. A derrota do petista Paulo Delgado para o pefelista Aroldo Cedraz na disputa por uma vaga no TCU foi lida como uma vitória de Aldo Rebelo (PC do B) e também como um aviso: se o PT insistir com a candidatura de Arlindo Chinaglia à presidência da Câmara, pode dar qualquer bicho na eleição de fevereiro.

Ajuda extra. Ao encontrar na Câmara alguns partidários de Aldo desolados com o lançamento de Chinaglia, o petista José Eduardo Cardozo tratou de animar os colegas: "Não subestimem a nossa capacidade de fazer besteira".

Aperto. Depois de ocupar a tribuna da Câmara durante três horas e meia na terça-feira, proferindo um discurso de despedida interrompido por 47 apartes, o governador eleito de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), saiu correndo à procura de um banheiro.

Gasolina 1. O Ministério Público Eleitoral do Amazonas entrou com representação contra o senador eleito Alfredo Nascimento (PL), sob acusação de compra de votos.

Gasolina 2. Segundo a denúncia dos promotores, o ex-ministro dos Transportes teria feito uma carreata em Manacapuru e fornecido combustível para os eleitores. Foram apreendidas 36 requisições com santinhos da campanha de Nascimento.

Tiroteio

"A sobrevivência de Waldir Pires no Ministério da Defesa é a prova definitiva de que, no governo Lula, ninguém cai por incompetência".
Do deputado JOSÉ CARLOS ALELUIA (PFL-BA), líder da minoria na Câmara, sobre a permanência do ministro na cadeira a despeito de mais de um mês de inferno nos aeroportos do país.

Contraponto

Sob tortura

Em 1993, no plebiscito sobre sistema de governo, a Frente Parlamentarista, presidida pelo senador José Richa (PSDB-PR), partia de Belém quando o deputado Israel Pinheiro Filho (PTB-MG), o Israelzinho, pediu para que o grupo esperasse alguns minutos antes de embarcar:
-Vou comprar uma coisa deliciosa-, anunciou.
Já na decolagem, o jatinho foi tomado por um cheiro fortíssimo. Ninguém sabia ao certo de onde vinha. Apenas quando a viagem completava sua primeira hora, Israelzinho se lembrou de contar que havia comprado os tradicionais camarões secos do Pará, que, acondicionados em sacos plásticos, tornaram a volta a Brasília um suplício.


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