São Paulo, segunda, 7 de dezembro de 1998

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O CREDOR
Casas de loteria e Correios desistem de cobrar dívida do Papa-Tudo e recorrem à Justiça
Lotérico tem R$ 50 mil a receber

Jorge Araújo/Folha Imagem
O lotérico Elias Pedrussian, que possui cerca de 30 mil títulos do Papa-Tudo para receber e deve entrar na Justiça contra a empresa


da Reportagem Local

Elias Pedrussian, distribuidor de bilhetes de loteria, tem cerca de 30 mil títulos no valor de R$ 50 mil para receber do Papa-Tudo.
Pedrussian diz que acumulou esse volume de papéis em trocas por outros produtos lotéricos e pagando resgates para compradores de Papa-Tudo.
Segundo ele, os títulos de capitalização Papa-Tudo e Telesena funcionam muitas vezes como "moeda" no meio lotérico e costumam ser trocados por outros produtos ou por novos títulos.
Pedrussian desistiu de tentar receber do Papa-Tudo e decidiu recorrer à Justiça.
O mesmo caminho está sendo adotado por donos de casas lotéricas e pelo Correio que, como distribuidor do Papa-Tudo, deixou de receber R$ 9 milhões.
Só em São Paulo, os lotéricos já ganharam 12 ações, patrocinadas por seu sindicato.
O advogado Luiz Viganó, que ingressou com as ações, diz que a Justiça determinou a penhora de bens para garantir o pagamento, mas nada foi encontrado em São Paulo. Agora serão emitidos ofícios para o Rio de Janeiro, para realização da penhora.
O objetivo do advogado é conseguir parte dos bens que constituem as reservas técnicas, como as ações da Varig, por exemplo.
Viganó estima que as 12 ações têm valor de R$ 200 mil. O advogado é autor de outras quatro que estão em andamento, no valor de R$ 80 mil.
² R$ 10 milhões
O presidente do Sindicato dos Lotéricos de São Paulo, Lourival Iervolino, que é distribuidor da Telesena, estima que o Papa-Tudo tem um débito de, no mínimo, R$ 10 milhões com casas lotéricas em todo o Brasil.
Iervolino diz que há cerca de 6.000 lotéricos no país, 2.000 dos quais em São Paulo. Entre esses últimos, 1.400 teriam títulos a receber do Papa-Tudo.
Iervolino afirma que as dificuldades de recebimento dos créditos vêm desde o início deste ano. No começo, segundo ele, o Papa-Tudo criou restrições para dificultar o pagamento, como limitar o número de títulos a serem resgatados. No final do primeiro semestre, simplesmente parou de pagar.
"Eles se apropriaram da poupança popular e a reserva técnica não é suficiente para garantir os resgates", afirma Iervolino.
O presidente do sindicato acrescenta que não recebeu nenhuma informação do Papa-Tudo ou da Susep sobre a possibilidade de regularização dos pagamentos. (CLÁUDIA TREVISAN)


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