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UNIÃO X ESTADOS
Liminar do Supremo suspendeu bloqueio por considerar que o Estado vive "difícil situação financeira"
Governo recorre para rebloquear ICMS do RJ
SÍLVIA MUGNATTO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo recorreu da decisão
do STF (Supremo Tribunal Federal) que determinou a devolução
de R$ 86 milhões ao Estado do Rio
de Janeiro. O dinheiro havia sido
bloqueado no dia 31 de dezembro
de 2002 por falta de pagamento de
dívidas com o Tesouro Nacional.
O recurso, porém, deverá ser
examinado pelo próprio ministro
Ilmar Galvão, que concedeu a liminar na noite de anteontem. Se o
ministro mantiver sua decisão,
será necessário esperar o fim do
recesso do Judiciário, em fevereiro. Nesse caso, ainda será escolhido um relator para o caso.
A liminar de Galvão suspende o
bloqueio das contas do Estado feito pelo Banco do Brasil por considerar que o Estado vive uma "difícil situação financeira".
No recurso, a AGU (Advocacia
Geral da União) afirma que o Estado do Rio de Janeiro tem uma
receita líquida média mensal de
R$ 946 milhões e que a importância retida, de R$ 86 milhões, não
representa ameaça ao funcionamento da máquina administrativa do Estado.
A decisão de Galvão, ministro
plantonista do STF, também afasta a possibilidade de punições ao
Rio por parte do Tesouro. Nos
contratos de renegociação de dívida feitos com o Tesouro, os Estados concordam com o aumento
do comprometimento de receita
para o pagamento mensal dos débitos em caso de inadimplência.
"Tratando-se de decisão fundada em estado de necessidade, tem
ela por consequência a exclusão
de responsabilidade civil do Estado pelo inadimplemento das
obrigações", diz a decisão.
Segundo a assessoria do STF, a
liminar vale apenas para o Rio de
Janeiro e somente para o bloqueio
feito em dezembro. No próximo
dia 20, vence mais uma parcela de
R$ 16 milhões da dívida do Rio
com o Tesouro.
Ontem, o secretário do Tesouro
Nacional, Joaquim Levy, evitou
comentar o efeito da decisão do
STF sobre os outros Estados. O secretário apenas ressaltou o fato de
que Galvão considerou os contratos "constitucionais".
Levy disse ainda que não existe
nenhum outro Estado com problema semelhante ao do Rio. No
final do ano passado, o Banco do
Brasil teve de bloquear as contas
do Espírito Santo por falta de pagamento. O Estado havia deixado
de pagar parcelas de dívida com o
Banco Mundial e com o governo.
Na época, o Tesouro Nacional
disse que não havia uma crise financeira no Espírito Santo, mas
apenas uma "dificuldade momentânea causada por uma insuficiência temporária de recursos".
No caso do Espírito Santo, o
bloqueio aconteceu no fundo de
participação do Estado que recebe dinheiro dos impostos federais. O Rio sofreu bloqueio de recursos do ICMS, que é estadual.
Os técnicos do Ministério da Fazenda argumentam, porém, que
as duas situações estão previstas
nos contratos com os Estados que
começaram a ser negociados em
1997. O Tesouro assumiu cerca de
R$ 170 bilhões em dívidas estaduais no mercado e refinanciou
os débitos por 30 anos.
A decisão de Galvão descarta a
inconstitucionalidade dos contratos, mas deixa em aberto o pagamento da dívida do Rio vencida
no dia 28 de dezembro.
Para convencer o STF, a governadora do Rio, Rosinha Matheus,
disse que o Estado tinha apenas
R$ 20 milhões em caixa para pagar suas dívidas e manter em funcionamento a máquina pública.
Minas
Em 1999, o então governador de
Minas, Itamar Franco, tentou reverter um bloqueio de contas,
mas a liminar não foi dada pelo
ministro Moreira Alves do STF.
Alves argumentou que o Tesouro havia assumido a dívida de Minas "a custos de mercado", mas o
Estado estaria pagando seus compromissos "com o benefício de taxas de juros fixas". Ou seja, sem a
renegociação, a situação do Estado seria pior.
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