São Paulo, quinta-feira, 08 de janeiro de 2004

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DANÇA DOS MINISTROS

Eduardo Campos substituirá Amaral (Ciência e Tecnologia)

Planalto convida Eunício e Campos para o ministério

KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Com aval do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ministro José Dirceu (Casa Civil) convidou anteontem o líder do PMDB, Eunício Oliveira (CE), para integrar o ministério sem definir a pasta e acertou ontem a substituição de Roberto Amaral (Ciência e Tecnologia) por Eduardo Campos (PE), líder do PSB na Câmara.
A Folha apurou que o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), recebeu ontem uma oferta de um interlocutor de Lula. O PMDB poderia receber os ministérios das Comunicações e da Previdência Social, com chance da Integração Nacional, chefiado por Ciro Gomes (PPS-CE), entrar nessa negociação.
Essa oferta ainda não é definitiva e, das três opções, o PMDB teria direito a duas. No cenário de o PMDB aceitar a Previdência, o atual titular, Ricardo Berzoini, viraria ministro de uma superpasta social, que uniria Assistência Social, de Benedita da Silva, e Segurança Alimentar e Combate à Fome, de José Graziano.
A remoção de Ciro Gomes da Integração Nacional tem complicadores, porque ele iria para o Planejamento, chefiado por Guido Mantega, ou para o superministério social. Na cúpula do governo, há resistência a colocar Ciro no Planejamento, posto estratégico e no qual poderia complicar a vida de Antonio Palocci Filho (Fazenda). Por isso, ele é também opção de executivo para a área social.
Lula retirou o Ministério das Cidades da negociação com o PMDB -é desejo do PT manter Olívio Dutra no posto em ano eleitoral devido a verbas para prefeituras.
A troca de Roberto Amaral por Eduardo Campos foi acertada por Dirceu em conversa com o presidente do PSB, Miguel Arraes. Lula não quer mais Amaral. Como Campos é do mesmo partido, a solução é menos traumática, crê o ministro da Casa Civil.

Eunício
Segundo a Folha apurou, Dirceu se encontrou com Eunício anteontem à noite em Brasília. A principal possibilidade é que Eunício vá para o Ministério das Comunicações, hoje ocupado pelo pedetista Miro Teixeira. Mas, se vingar a oferta de Integração Nacional ao PMDB, poderia ser um alternativa para Eunício, já que o PMDB lhe facultou o direito de escolher a pasta.
Procurado pela Folha, Dirceu não deu resposta aos telefonemas. Mas quem conversou ontem com Dirceu ouviu que ele estaria realizando apenas "sondagens" a pedido do presidente. O ministro falou ontem com o presidente do PMDB, Michel Temer (SP).
A Folha apurou que Dirceu disse ao líder do PMDB que Lula já decidiu nomeá-lo ministro. Eunício veio de sua fazenda para Brasília anteontem à noite e se encontrou com Dirceu. Ontem, Eunício desapareceu ao longo do dia e não respondeu aos telefonemas da Folha. A assessoria do líder do PMDB negou veementemente que Eunício tivesse se encontrado com Dirceu.
"Impossível. Ele está na fazenda no interior de Goiás, ferrando gado", afirmou um assessor da liderança do PMDB na Câmara.

Contrariado
Dirceu tem dito a interlocutores que Lula fica muito contrariado com o vazamento de informações, o que chega a influenciar decisões praticamente tomadas. Daí a cautela de interlocutores do ministro e do próprio Dirceu, que fugiram da imprensa.
Anteontem, Lula divulgou nota desautorizando o que chamou de "especulações" da imprensa sobre reforma ministerial. Chegou a dizer que as "especulações" prejudicavam o funcionamento do governo.
Desde maio, a cúpula do governo discute quais pastas dará ao PMDB. Em setembro, Lula prometeu dois ministérios ao partido em reuniões, e ministros de Lula já chegaram a mencionar publicamente prazos para a reforma que não se confirmaram.
Já Dirceu não participou o tempo todo de uma reunião com Lula e outros ministros sobre a agenda econômica de 2004. No final da manhã, teve ainda um compromisso público (posse do novo presidente da Anatel, o sindicalista Pedro Ziller).
Dirceu tem dito a interlocutores que, no que depender dele e de auxiliares de Lula, a pasta das Comunicações será o destino de Eunício. O peemedebista é benquisto por Lula e Dirceu por não ter pressionado o governo em votações importantes em 2003.
Dirceu avalia que Miro deve sair porque seu partido faz dura oposição ao governo. Lula, porém, gosta de Miro e o tem segurado no posto, mas Dirceu e membros do governo avaliam que é um preço político alto.
Nas hipóteses sobre o destino de Miro, a mais provável é que receba um posto no Legislativo, como a liderança do governo no Congresso. Ontem, falou-se até de indicação para ministro do Supremo Tribunal Federal. Em pouco mais de três meses, Lula fará nova indicação. Mas essa possibilidade é hoje improvável.


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