São Paulo, quinta-feira, 08 de janeiro de 2004

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ELEIÇÕES 2004

Aliança formaria bloco oposicionista no Congresso, ao lado do PSDB, e apoio no pleito deste ano, principalmente no Rio

PDT articula união não-ideológica com PFL

MURILO FIUZA DE MELO
DA SUCURSAL DO RIO

O presidente nacional do PDT, Leonel Brizola, e o presidente nacional do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC), discutiram ontem, no Rio, a formação de um bloco de oposição no Congresso.
A aliança seria formada entre os dois partidos e o PSDB. No Rio, PFL e PDT podem também se unir nas eleições municipais.
"No Senado, isso [a aliança] tem ocorrido com frequência entre PFL, PDT e PSDB . Acho que a aproximação na Câmara também vai ocorrer, a partir do momento que o PDT tomou a decisão em dezembro de ir para a oposição", disse, referindo-se à reunião do PDT que decidiu pelo rompimento com o governo Lula.
Todos os filiados do partido com cargos na administração federal, incluindo o ministro Miro Teixeira (Comunicações), deverão pedir exoneração até o próximo dia 31. Quem desrespeitar a decisão será submetido à comissão de ética do partido.
Segundo Brizola, o PDT não está preocupado em discutir "alianças ideológicas" para as eleições municipais. "Nós estamos analisando situações concretas, assim como o PT está fazendo. O grande guru do governo Lula, por exemplo, é o senador [José] Sarney [PMDB-AP]. O que ocorre conosco é uma preocupação com a situação do país", disse o ex-governador do Rio, que recebeu Bornhausen em seu apartamento, em Copacabana (zona sul).
Brizola e Bornhausen acham que o primeiro ano do governo Lula foi "medíocre". "Sentimos a falta absoluta de um bom gerenciamento", disse o senador.
Brizola criticou o contrato de renegociação da dívida da empresa americana AES, divulgado no último dia 29, que inclui o perdão pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) de US$ 193,7 milhões (cerca de R$ 554 milhões). "Estou convencido de que esse acordo que a Folha publicou amplamente só pôde ser realizado com a ordem direta do presidente", disse.

Eleições municipais
Para o presidente do PFL, apesar das diferenças ideológicas, a possibilidade de alianças municipais é real. "A eleição é municipal. Depende das peculiaridades locais. O que estamos mostrando é que não temos nenhuma dificuldade de que os diretórios municipais se aproximem, conversem."
Tanto Brizola quanto Bornhausen citaram o Rio como uma cidade em que os partidos poderão se unir já no primeiro turno. O prefeito Cesar Maia (PFL) tentará a reeleição. O PDT indicaria o vice.
"Cesar foi um excelente secretário da Fazenda. Deixou nosso partido, mas nunca deixei de reconhecer que ele foi um grande executivo", disse o pedetista.
À tarde, o prefeito elogiou Brizola. "Fui seu secretário de Fazenda [de 1983 a 1986]. Aprendi muito com ele, que foi quem me introduziu nas finanças públicas." Segundo o prefeito, a afinidade entre PDT e PFL não é total, mas "o caráter municipal permite essa aproximação entre partidos com perfis ideológicos distintos".


Colaborou FABIANA CIMIERI, da Sucursal do Rio

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