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ELEIÇÕES 2004
Aliança formaria bloco oposicionista no Congresso, ao lado do PSDB, e apoio no pleito deste ano, principalmente no Rio
PDT articula união não-ideológica com PFL
MURILO FIUZA DE MELO
DA SUCURSAL DO RIO
O presidente nacional do PDT,
Leonel Brizola, e o presidente nacional do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC), discutiram ontem,
no Rio, a formação de um bloco
de oposição no Congresso.
A aliança seria formada entre os
dois partidos e o PSDB. No Rio,
PFL e PDT podem também se
unir nas eleições municipais.
"No Senado, isso [a aliança] tem
ocorrido com frequência entre
PFL, PDT e PSDB . Acho que a
aproximação na Câmara também
vai ocorrer, a partir do momento
que o PDT tomou a decisão em
dezembro de ir para a oposição",
disse, referindo-se à reunião do
PDT que decidiu pelo rompimento com o governo Lula.
Todos os filiados do partido
com cargos na administração federal, incluindo o ministro Miro
Teixeira (Comunicações), deverão pedir exoneração até o próximo dia 31. Quem desrespeitar a
decisão será submetido à comissão de ética do partido.
Segundo Brizola, o PDT não está preocupado em discutir "alianças ideológicas" para as eleições
municipais. "Nós estamos analisando situações concretas, assim
como o PT está fazendo. O grande
guru do governo Lula, por exemplo, é o senador [José] Sarney
[PMDB-AP]. O que ocorre conosco é uma preocupação com a situação do país", disse o ex-governador do Rio, que recebeu Bornhausen em seu apartamento, em
Copacabana (zona sul).
Brizola e Bornhausen acham
que o primeiro ano do governo
Lula foi "medíocre". "Sentimos a
falta absoluta de um bom gerenciamento", disse o senador.
Brizola criticou o contrato de renegociação da dívida da empresa
americana AES, divulgado no último dia 29, que inclui o perdão
pelo BNDES (Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e
Social) de US$ 193,7 milhões (cerca de R$ 554 milhões). "Estou
convencido de que esse acordo
que a Folha publicou amplamente só pôde ser realizado com a ordem direta do presidente", disse.
Eleições municipais
Para o presidente do PFL, apesar das diferenças ideológicas, a
possibilidade de alianças municipais é real. "A eleição é municipal.
Depende das peculiaridades locais. O que estamos mostrando é
que não temos nenhuma dificuldade de que os diretórios municipais se aproximem, conversem."
Tanto Brizola quanto Bornhausen citaram o Rio como uma cidade em que os partidos poderão se
unir já no primeiro turno. O prefeito Cesar Maia (PFL) tentará a
reeleição. O PDT indicaria o vice.
"Cesar foi um excelente secretário da Fazenda. Deixou nosso partido, mas nunca deixei de reconhecer que ele foi um grande executivo", disse o pedetista.
À tarde, o prefeito elogiou Brizola. "Fui seu secretário de Fazenda [de 1983 a 1986]. Aprendi muito com ele, que foi quem me introduziu nas finanças públicas."
Segundo o prefeito, a afinidade
entre PDT e PFL não é total, mas
"o caráter municipal permite essa
aproximação entre partidos com
perfis ideológicos distintos".
Colaborou FABIANA CIMIERI, da Sucursal do Rio
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