São Paulo, quinta-feira, 08 de janeiro de 2004

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Dependência gera apoio indígena

DA REPORTAGEM LOCAL

Com grande absorção de elementos da cultura branca e ocupando áreas próximas de grandes fazendas ou cercadas por elas, muitos índios do mesmo grupo dos que moram na Raposa/Serra do Sol, em Roraima, criam laços de dependência econômica e adotam "a estratégia de associação com os poderes locais", afirma o professor titular de antropologia da UFRJ João Pacheco de Oliveira, que só no ano passado visitou três vezes a região.
É essa estratégia -"não é correto falar em cooptação"- que explica o apoio de índios de Roraima da etnia macuxi aos interesses dos fazendeiros, diz Oliveira.
Muitos macuxi (etnia predominante, que se associa a outras, como ingaricó, taurepangue, uapixana e patamona) criam, segundo o antropólogo, "relações de dependência muito forte" com fazendeiros, políticos e governo. E acabam se opondo aos interesses da principal entidade representativa dos índios no Estado, o CIR (Conselho Indígena de Roraima), favorável à unidade da reserva Raposa/Serra do Sol.
Júlio Macuxi, liderança da entidade, diz que esses grupos recebem "benefícios" e temem a perda de empregos e benesses caso a atividade dos fazendeiros seja prejudicada. Mesmo dentro da reserva, "há rizicultores com grande poder econômico que investem nas comunidades, dão salários", ele diz.
Os macuxi e etnias associadas são bastante diferentes do outro grande grupo indígena de Roraima, os ianomâmi. Além da maior absorção da cultura dos brancos entre os macuxi, as línguas e os grupos têm origens diferentes, diz o antropólogo. (RAFAEL CARIELLO)


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