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Dependência gera apoio indígena
DA REPORTAGEM LOCAL
Com grande absorção de elementos da cultura branca e ocupando áreas próximas de grandes
fazendas ou cercadas por elas,
muitos índios do mesmo grupo
dos que moram na Raposa/Serra
do Sol, em Roraima, criam laços
de dependência econômica e adotam "a estratégia de associação
com os poderes locais", afirma o
professor titular de antropologia
da UFRJ João Pacheco de Oliveira, que só no ano passado visitou
três vezes a região.
É essa estratégia -"não é correto falar em cooptação"- que explica o apoio de índios de Roraima da etnia macuxi aos interesses
dos fazendeiros, diz Oliveira.
Muitos macuxi (etnia predominante, que se associa a outras, como ingaricó, taurepangue, uapixana e patamona) criam, segundo
o antropólogo, "relações de dependência muito forte" com fazendeiros, políticos e governo. E
acabam se opondo aos interesses
da principal entidade representativa dos índios no Estado, o CIR
(Conselho Indígena de Roraima),
favorável à unidade da reserva
Raposa/Serra do Sol.
Júlio Macuxi, liderança da entidade, diz que esses grupos recebem "benefícios" e temem a perda de empregos e benesses caso a
atividade dos fazendeiros seja
prejudicada. Mesmo dentro da
reserva, "há rizicultores com
grande poder econômico que investem nas comunidades, dão salários", ele diz.
Os macuxi e etnias associadas
são bastante diferentes do outro
grande grupo indígena de Roraima, os ianomâmi. Além da maior
absorção da cultura dos brancos
entre os macuxi, as línguas e os
grupos têm origens diferentes, diz
o antropólogo.
(RAFAEL CARIELLO)
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