São Paulo, sexta-feira, 08 de janeiro de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

saiba mais

Brasil optou por parceria com a França em 2008

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A opção do Brasil pela França como sua parceira estratégica foi uma decisão tomada pelo governo Lula em 2008, após alguns anos de discussão. Ela é o argumento da área política em favor da compra do Rafale.
No começo do primeiro mandato de Lula, em 2003, um revigorado Ministério da Defesa e o Itamaraty começaram a discutir parcerias na área de defesa.
A Rússia despontou como uma promissora candidata à vaga de parceiro do Brasil na área de Defesa, e alguns negócios foram engatados. Mas as desconfianças de setores militares sobre o pós-venda e de políticos temendo uma antagonização aguda com Washington minaram voos mais altos.
Politicamente, os olhos brasileiros voltaram-se à França. Apesar de aliado dos EUA, o país dedicou-se a uma indústria própria. Mesmo fabricando produtos mais caros, obteve sua virtual independência tecnológica em Defesa.
Assim, após um acordo de exploração de negócios em aviação militar em 2005, os países desembocaram na chamada parceria estratégica, assinada em 23 de dezembro de 2008. Foi um trabalho do Itamaraty e da Defesa, estimulado por atores como o assessor internacional Marco Aurélio Garcia.
Lá foram deitadas as bases do acordo militar gigante que seria assinado no 7 de Setembro passado, com a compra de mais de R$ 20 bilhões em submarinos e helicópteros. E está dito que a França se dedicaria a ofertar produtos de aviação militar -leia-se Rafale.
A parceria estratégica foi assinada na mesma época em que foi divulgada a Estratégia Nacional de Defesa, a carta de intenções para o setor. A estratégia era uma ideia inicial do então ministro Roberto Mangabeira Unger, mas foi encampada por Nelson Jobim (Defesa).
A estratégia preconiza alianças com potências que possam capacitar o Brasil. Politicamente ambos os documentos se completam. O acordo militar assinado meses depois é a colocação em prática deles, e ainda se esperam projetos conjuntos.
O acordo em si ainda tem pontos mal explicados, como a escolha dos franceses em subcontratar a Odebrecht para fazer bases navais.
Para a França, foi a chance de escoar produtos de difícil venda, como o Rafale. O acordo não fecha as portas para outras parcerias. As compras não precisam ser ratificadas no Congresso, mas a liberação de suas verbas, sim. (IGOR GIELOW)


Texto Anterior: Frases
Próximo Texto: Cinema: Sindicalizados pagarão meia para ver filme sobre presidente
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.