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Brasil optou por parceria com a França em 2008
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A opção do Brasil pela
França como sua parceira estratégica foi uma decisão tomada pelo governo Lula em
2008, após alguns anos de
discussão. Ela é o argumento
da área política em favor da
compra do Rafale.
No começo do primeiro
mandato de Lula, em 2003,
um revigorado Ministério da
Defesa e o Itamaraty começaram a discutir parcerias na
área de defesa.
A Rússia despontou como
uma promissora candidata à
vaga de parceiro do Brasil na
área de Defesa, e alguns negócios foram engatados. Mas
as desconfianças de setores
militares sobre o pós-venda e
de políticos temendo uma
antagonização aguda com
Washington minaram voos
mais altos.
Politicamente, os olhos
brasileiros voltaram-se à
França. Apesar de aliado dos
EUA, o país dedicou-se a
uma indústria própria. Mesmo fabricando produtos
mais caros, obteve sua virtual independência tecnológica em Defesa.
Assim, após um acordo de
exploração de negócios em
aviação militar em 2005, os
países desembocaram na
chamada parceria estratégica, assinada em 23 de dezembro de 2008. Foi um trabalho
do Itamaraty e da Defesa, estimulado por atores como o
assessor internacional Marco Aurélio Garcia.
Lá foram deitadas as bases
do acordo militar gigante
que seria assinado no 7 de
Setembro passado, com a
compra de mais de R$ 20 bilhões em submarinos e helicópteros. E está dito que a
França se dedicaria a ofertar
produtos de aviação militar
-leia-se Rafale.
A parceria estratégica foi
assinada na mesma época
em que foi divulgada a Estratégia Nacional de Defesa, a
carta de intenções para o setor. A estratégia era uma
ideia inicial do então ministro Roberto Mangabeira Unger, mas foi encampada por
Nelson Jobim (Defesa).
A estratégia preconiza
alianças com potências que
possam capacitar o Brasil.
Politicamente ambos os documentos se completam. O
acordo militar assinado meses depois é a colocação em
prática deles, e ainda se esperam projetos conjuntos.
O acordo em si ainda tem
pontos mal explicados, como
a escolha dos franceses em
subcontratar a Odebrecht
para fazer bases navais.
Para a França, foi a chance
de escoar produtos de difícil
venda, como o Rafale. O
acordo não fecha as portas
para outras parcerias. As
compras não precisam ser
ratificadas no Congresso,
mas a liberação de suas verbas, sim.
(IGOR GIELOW)
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