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RIO
Acusados teriam deixado prisão no dia do crime; assessor de suplente seria mandante
Suspeitos de matar Paiva são presos
TALITA FIGUEIREDO
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Os dois suspeitos de assassinar o
deputado estadual Antônio Valdeci de Paiva (PSL) estavam presos em delegacias do Rio no dia
do crime, 24 de janeiro, e teriam
deixado a custódia da Polícia Civil
para cometer o assassinato.
De acordo com a Secretaria de
Segurança Pública do Rio, o crime
teria sido contratado por Vanderley da Cruz, 37, assessor do suplente de Paiva, deputado Marcos
Abraão (PSL). A própria secretaria reconheceu que não teria sido
a primeira vez que os suspeitos
saíram das delegacias.
No dia do crime, um dos suspeitos, Jorge Luiz da Silva, 31, preso
por homicídio, estava na carceragem da Polinter (Polícia Interestadual) em Ricardo de Albuquerque (zona norte). Já o ex-soldado
da PM Adilson da Silva Pinheiro,
30, preso por sequestro, estava na
52ª DP (Delegacia de Polícia), em
Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. Os três suspeitos negam
envolvimento no assassinato.
A polícia chegou aos três por
meio de outro preso, que disse ter
sido chamado para participar do
crime. Ele afirmou que, dois dias
antes do assassinato, esteve com
Pinheiro e Cruz em um restaurante da zona sul, onde Cruz ofereceu
R$ 30 mil a cada participante para
matar o deputado.
A testemunha, que já participara de roubos de carros com os
dois suspeitos, não teria aceitado
e Pinheiro teria chamado Silva para participar do crime. O preso
que denunciou os suspeitos reconheceu Pinheiro anteontem, na
Delegacia de Homicídio.
Uma testemunha do assassinato também reconheceu Pinheiro
como o motorista do carro de onde partiram os disparos que acertaram o deputado.
Quando foram descobertos, Pinheiro e Silva já haviam sido
transferidos para outras delegacias. Silva estava na 59ª DP, em
Duque de Caxias (Baixada Fluminense), e Pinheiro, na 126ª DP, em
Cabo Frio (a 154 km do Rio).
Ontem de manhã, quando foi a
Cabo Frio cumprir o novo mandado de prisão contra Pinheiro, o
chefe da investigação, delegado
Luís Alberto de Oliveira, encontrou-o na porta da delegacia. O
delegado titular da 126ª DP, Aguinaldo Ribeiro, foi exonerado.
Segundo a Secretaria de Segurança, equipes de três delegacias
por onde passaram os criminosos
serão investigadas. "Vai ficar
muito difícil para esses policiais se
justificarem e acho que eles vão
para o lugar do preso a partir do
momento em que se concluir a investigação", disse o secretário de
Segurança, Josias Quintal.
Segundo o delegado, "não há indícios suficientes para afirmar categoricamente que Abraão seja o
mandante do crime". O delegado
pretende chamar Abraão para
uma audiência, já que não pode
intimá-lo a depor -o deputado
tem foro privilegiado.
O presidente da Assembléia do
Rio, Jorge Picciani (PMDB),
anunciou a suspensão da nomeação de Cruz como assessor parlamentar e a abertura de um processo de cassação de Abraão.
O corregedor da Polícia Civil,
Jorge Jesus Abreu, classificou o
episódio como "intolerável" e
"uma desmoralização da instituição policial" a conivência de policiais civis com a saída de presos
das carceragens.
"Esse é o tipo de álibi perfeito.
Eles [os suspeitos] podem ser acobertados pelo álibi de que estavam presos", afirmou Abreu.
O presidente regional do PL,
Bispo Rodrigues, integrante da
Igreja Universal assim como o deputado assassinado, elogiou a
atuação da polícia.
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