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São Paulo, sábado, 08 de fevereiro de 2003

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RIO

Acusados teriam deixado prisão no dia do crime; assessor de suplente seria mandante

Suspeitos de matar Paiva são presos

TALITA FIGUEIREDO
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Os dois suspeitos de assassinar o deputado estadual Antônio Valdeci de Paiva (PSL) estavam presos em delegacias do Rio no dia do crime, 24 de janeiro, e teriam deixado a custódia da Polícia Civil para cometer o assassinato.
De acordo com a Secretaria de Segurança Pública do Rio, o crime teria sido contratado por Vanderley da Cruz, 37, assessor do suplente de Paiva, deputado Marcos Abraão (PSL). A própria secretaria reconheceu que não teria sido a primeira vez que os suspeitos saíram das delegacias.
No dia do crime, um dos suspeitos, Jorge Luiz da Silva, 31, preso por homicídio, estava na carceragem da Polinter (Polícia Interestadual) em Ricardo de Albuquerque (zona norte). Já o ex-soldado da PM Adilson da Silva Pinheiro, 30, preso por sequestro, estava na 52ª DP (Delegacia de Polícia), em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. Os três suspeitos negam envolvimento no assassinato.
A polícia chegou aos três por meio de outro preso, que disse ter sido chamado para participar do crime. Ele afirmou que, dois dias antes do assassinato, esteve com Pinheiro e Cruz em um restaurante da zona sul, onde Cruz ofereceu R$ 30 mil a cada participante para matar o deputado.
A testemunha, que já participara de roubos de carros com os dois suspeitos, não teria aceitado e Pinheiro teria chamado Silva para participar do crime. O preso que denunciou os suspeitos reconheceu Pinheiro anteontem, na Delegacia de Homicídio.
Uma testemunha do assassinato também reconheceu Pinheiro como o motorista do carro de onde partiram os disparos que acertaram o deputado.
Quando foram descobertos, Pinheiro e Silva já haviam sido transferidos para outras delegacias. Silva estava na 59ª DP, em Duque de Caxias (Baixada Fluminense), e Pinheiro, na 126ª DP, em Cabo Frio (a 154 km do Rio).
Ontem de manhã, quando foi a Cabo Frio cumprir o novo mandado de prisão contra Pinheiro, o chefe da investigação, delegado Luís Alberto de Oliveira, encontrou-o na porta da delegacia. O delegado titular da 126ª DP, Aguinaldo Ribeiro, foi exonerado.
Segundo a Secretaria de Segurança, equipes de três delegacias por onde passaram os criminosos serão investigadas. "Vai ficar muito difícil para esses policiais se justificarem e acho que eles vão para o lugar do preso a partir do momento em que se concluir a investigação", disse o secretário de Segurança, Josias Quintal.
Segundo o delegado, "não há indícios suficientes para afirmar categoricamente que Abraão seja o mandante do crime". O delegado pretende chamar Abraão para uma audiência, já que não pode intimá-lo a depor -o deputado tem foro privilegiado.
O presidente da Assembléia do Rio, Jorge Picciani (PMDB), anunciou a suspensão da nomeação de Cruz como assessor parlamentar e a abertura de um processo de cassação de Abraão.
O corregedor da Polícia Civil, Jorge Jesus Abreu, classificou o episódio como "intolerável" e "uma desmoralização da instituição policial" a conivência de policiais civis com a saída de presos das carceragens.
"Esse é o tipo de álibi perfeito. Eles [os suspeitos] podem ser acobertados pelo álibi de que estavam presos", afirmou Abreu.
O presidente regional do PL, Bispo Rodrigues, integrante da Igreja Universal assim como o deputado assassinado, elogiou a atuação da polícia.


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