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Grandes partidos apressam projeto para reaver dinheiro
PMDB, PT, PSDB, PFL e PP perderam parte de R$ 146 mi do Fundo Partidário
Decisão do TSE uniu rivais, que querem fixar em 5% fatia a ser rateada entre todas as siglas e dividir o resto com base em votação
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Senadores e deputados de
grandes partidos acusaram ontem o Judiciário de usurpar as
funções do Legislativo ao mudar as regras de distribuição
dos recursos do Fundo Partidário, favorecendo as siglas pequenas. Eles decidiram apresentar um projeto de lei para
reverter a medida e querem votá-lo hoje na Câmara.
A decisão do TSE (Tribunal
Superior Eleitoral) prejudicou
sobretudo PMDB, PT, PSDB,
PFL e PP. O valor mensal do repasse cairá pelo menos R$ 500
mil para cada um deles. Antes,
apenas 1% do fundo, composto
por dinheiro público, era dividido igualitariamente entre as
siglas, independentemente de
cada uma ter ou não eleito deputado. Agora, o bolo a ser rateado subiu para 42%.
A proposta dos grandes partidos, a ser apresentada no projeto de lei, é fixar em 5% o montante do fundo a ser dividido
por todas as legendas. Os 95%
restantes seriam distribuídos
de acordo com os votos obtidos
para a Câmara dos Deputados.
Em 2006 foram repassados
R$ 148,1 milhões aos partidos.
Pela estimativa do tribunal
para fevereiro, o PMDB terá
R$ 1,1 milhão por mês; o PT,
R$ 1 milhão; o PSDB, R$ 955
mil; o PFL, R$ 859 mil, em todos esses casos já contabilizando o valor fixo de R$ 146.244.62
que cabe a todos os partidos.
Acordão
A decisão do TSE uniu inimigos políticos. Um telefonema
do presidente do PT, Ricardo
Berzoini, para o do PFL, Jorge
Bornhausen, selou pela manhã
um acordão dos grandes partidos para mudar em tempo recorde os novos critérios.
A decisão de apresentar o
projeto de lei foi divulgada após
reunião do presidente do
PSDB, Tasso Jereissati (CE),
com os líderes do PMDB, senador Valdir Raupp (RO), e do PT,
senadora Ideli Salvatti (SC),
além do senador Aloizio Mercadante (PT-SP).
"O Judiciário está legislando,
coisa que não devia", disse o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), enquanto presidia sessão da CCJ (Comissão
de Constituição e Justiça).
"Uma decisão como essa estimula a criação de partidos
aventureiros", afirmou Tasso.
Os senadores querem ainda
agilizar a tramitação de uma
proposta de emenda constitucional do senador Marco Maciel (PFL-PE) que restabelece a
chamada cláusula de barreira.
Senadores reclamaram que o
Judiciário prejudica a reforma
política, parada na Câmara. "O
Congresso está fazendo sim a
sua parte, mas está esbarrando
em óbices que precisam ser removidos", disse o senador Valter Pereira (PMDB-MS).
Um dos deputados que comemorou a decisão do TSE foi
Chico Alencar (PSOL-RJ). "Foi
uma conseqüência natural do
fim da cláusula de barreira. A
divisão do bolo não poderia ser
tão injusta com os partidos médios e pequenos."
Esse é mais um capítulo da
briga entre Judiciário e Legislativo, iniciada no final do ano
passado, quando o Supremo
impediu o aumento salarial de
91% para os parlamentares.
No Congresso, todos os representantes dos grandes partidos reclamaram da medida.
"É uma decisão equivocada,
pois superestima partidos com
representação praticamente
inexistente na sociedade", disse Henrique Fontana (PT-RS).
"O TSE tomou algumas decisões contra o espírito do fortalecimento partidário. Só posso
encarar isso como uma provocação para fazermos uma lei. E
é o que vamos fazer", disse Jutahy Júnior (PSDB-BA).
(FERNANDA KRAKOVICS, ELIANE CANTANHÊDE, SILVANA DE FREITAS E LETÍCIA
SANDER)
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