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Câmara extingue 1.050 cargos especiais
Postos eram preenchidos sem concurso e já estavam vagos desde o ano passado; corte deve gerar economia anual de R$ 40 mi
Outras 1.315 vagas, com salários entre R$ 1,9 mil e R$ 8,2 mil, foram mantidas; só presidência da Casa tem 46 funcionários dessa natureza
LETÍCIA SANDER
SILVIO NAVARRO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Câmara dos Deputados
aprovou ontem a extinção de
1.050 cargos até então ocupados por funcionários que entravam na Casa sem concurso público. A medida representa
uma redução de aproximadamente 40% no número dos
chamados Cargos de Natureza
Especial (CNEs).
A iniciativa de cortar os cargos veio na gestão do ex-presidente da Câmara Aldo Rebelo
(PC do B-SP). Em setembro do
ano passado, um ato da Mesa
Diretora autorizou a demissão
de cerca de mil funcionários
que ocupavam estes postos.
Faltava, entretanto, regulamentar a extinção destes cargos, o que só foi feito ontem.
À época das demissões, a estimativa era de que a Casa economizaria aproximadamente
R$ 40 milhões por ano com o
corte. Os CNEs recebem entre
R$ 1,9 mil e R$ 8,2 mil por mês.
Restam ainda 1.315 ocupantes
de CNEs empregados na Casa.
Os CNEs foram criados no
fim da década de 90 para assessorar os órgãos de direção da
Câmara. Mas começaram a se
multiplicar e, nos últimos anos,
foram foco constante de acusações de irregularidades, virando um dos maiores "cabides de
emprego" da Casa. Vários tiveram a função desvirtuada.
Irregularidades
Em 2003, reportagem da Folha revelou que 803 CNEs trabalhavam fora de Brasília e
prestavam serviços aos escritórios estaduais dos deputados.
No desenrolar da votação de
ontem, o PSOL, que elegeu três
deputados, protestou. É que
pelo texto aprovado ontem,
partidos que elegeram menos
de cinco federais ficam sem direito a nenhum CNE.
"Tem muito jogo de cena.
Um partido que elegeu cinco
parlamentares pode ter 24 assessores. Mas nós não podemos
ter nem 12", disse o líder do
PSOL, Chico Alencar (RJ).
O novo corregedor da Casa,
Inocêncio Oliveira (PR-PE),
surpreendeu, ao criticar diretamente o PSOL. "É uma aberração ter 12 funcionários para
três deputados". Em 2003, a
Folha identificou um CNE trabalhando no escritório estadual de Inocêncio.
Para garantir a votação do
projeto ainda ontem, Chinaglia
decidiu criar uma comissão que
apontará soluções para casos
específicos, como o do PSOL. O
argumento do partido é de que
não deveriam existir distinções, após a derrubada da cláusula de barreira pelo STF (Supremo Tribunal Federal).
Apesar da extinção dos mais
de mil cargos, ainda há abundância de CNEs na Casa. Só no
gabinete da presidência da Câmara, por exemplo, há 46 postos do tipo. As demais secretarias da Mesa têm direito a 33
CNEs cada. O gabinete da liderança do governo, ocupado por
Chinaglia até sua eleição à presidência, emprega 12 CNEs.
Chinaglia ressaltou a importância da votação dizendo que
"agora não resta dúvida de que
os cargos foram extintos". Foi o
primeiro projeto da Casa aprovado desde a eleição do petista
- anteontem, foram aprovadas
duas medidas provisórias.
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