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Governistas terão que repetir coleta de assinaturas para CPI
Na pressa para evitar que oposição faça CPI mista, líder do governo erra procedimentos
Jucá protocola pedido de CPI para apurar uso de cartões, mas faz adendo ao texto depois, o que tornou ato inválido, segundo a Mesa
ADRIANO CEOLIN
MARIA CLARA CABRAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os governistas, que já tinham
conseguido até ontem a assinatura de 31 senadores para investigar o uso de cartões corporativos numa CPI (Comissão
Parlamentar de Inquérito), terão que refazer todo o procedimento. Isso porque o líder do
governo no Senado, Romero
Jucá (PMDB-RR), colocou um
acréscimo no texto do requerimento que pede a instalação da
CPI escrito a mão.
Depois de consultar a Secretaria Geral da Mesa, o presidente do Senado, Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN), considerou a alteração irregular. O
mínimo necessário para instalar uma CPI no Senado são 27
assinaturas.
"O senador Jucá entendeu o
problema. Ele me disse que o
acréscimo que tinha feito era
apenas de natureza operacional, mas aceitou a mudança",
disse. Segundo Garibaldi, Jucá
voltará a colher as assinaturas a
partir de segunda-feira.
Após protocolar o requerimento na Secretaria Geral da
Mesa, Jucá incluiu uma frase
dizendo que a CPI terá duração
de 90 dias, o número de 11 senadores participantes e a previsão
de R$ 100 mil a serem gastos.
O fato foi questionado em
plenário pelo senador Heráclito Fortes (DEM-PI). "Rasurar
um requerimento, em qualquer
circunstância, não é normal.
Nós precisamos tomar uma
providência", disse.
Fortes ameaçou questionar o
caso na CCJ (Comissão de
Constituição de Justiça). "Existe um erro. Não podemos começar uma CPI com vício de
origem", disse.
Jucá tomou a decisão de
apresentar o requerimento de
CPI ontem às pressas, depois
de uma conversa com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O objetivo era esvaziar a criação de uma outra CPI que vinha
sendo articulada pela oposição.
A fim de constranger o PSDB,
Jucá expôs no requerimento
que a comissão investigaria o
uso de cartões corporativos e
contas de suprimentos de fundos (recursos orçamentários
específicos para cada órgão, para despesas menores, com dispensa de licitação) no período
entre 1998 e 2008, o que abrange o segundo mandato de Fernando Henrique Cardoso.
CPI mista
A oposição vai insistir em
apresentar uma CPI mista
(com deputados e senadores)
de sua autoria. O deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP) disse
que já contava com 126 assinaturas de deputados. São necessárias pelo menos 171.
O presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), afirmou ontem que acha difícil haver espaço político para uma
CPI mista. "A instalação da CPI
no Senado só depende agora de
regras regimentais. Do ponto
de vista de fazer uma CPI mista
tecnicamente haveria espaço,
agora, politicamente, acho difícil. Como é que vai se instalar
uma CPI mista? Aí o Senado
participaria ao mesmo tempo
de duas CPIs sobre o mesmo tema", afirmou.
Segundo ele, a instalação de
uma CPI na Câmara não atrapalharia os trabalhos legislativos. "É perfeitamente possível
e compatível haver CPI e os trabalhos da Câmara seguirem."
Garibaldi também é contra a
instalação de mais de uma CPI
sobre os cartões. "No mínimo, é
pouco racional", disse. "Mas eu
vou cumprir o regimento. Nunca me comportei como pizzaiolo nesta Casa", disse.
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