São Paulo, domingo, 08 de fevereiro de 2009

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outro lado

"Querem me achincalhar", afirma juíza

DA REPORTAGEM LOCAL

"Esse inquérito foi feito exclusivamente para me aborrecer, para achincalhar o meu nome, para tentar comprometer a minha reputação", diz a juíza Adriana Pileggi de Soveral.
Ela concedeu entrevista, gravada por assessores da Justiça Federal em seu gabinete no Fórum Criminal. Adriana diz que só pode ser investigada pelo Tribunal Regional Federal da 3ª Região. "O Ministério Público está agindo de maneira leviana, instaurando esse inquérito", diz.
"A Receita Federal não aceitou a minha escritura. Calculou a diferença entre o que paguei e o que supostamente valia quatro anos depois, e entenderam que isso era a omissão -e não tem omissão nenhuma."
Ela diz que comprou o imóvel onde mora "completamente destruído", com infiltração e cupim.
"Tenho uma escritura registrada, com todos os valores pagos e de onde veio o meu dinheiro." Ela diz que a Receita não questionou os pagamentos em espécie. Sobre o arrolamento do imóvel, diz que "essa imposição da Receita é de legalidade absolutamente duvidosa".
Ela atribui a investigação a divergências com o Ministério Público Federal desde quando proferiu sentença favorável ao ex-prefeito Paulo Maluf, reconhecendo a prescrição. "A partir daí, comprei inimizade com a procuradora Ana Lúcia Amaral", diz. "Ela fabricou inúmeras denúncias e ações."
"Valendo-se do recebimento de uma denúncia, ela [a procuradora] oficiou à Receita e fez uma devassa na minha vida."
"Não sei lá como, ela [a procuradora] arranjou um laudo de que dois apartamentos valem não sei quantos milhões de reais." "O valor que eu paguei está na escritura, tem fé pública. Essa história de que teria imóvel muito superior ao valor que paguei não passa de uma invenção."
"Eu comecei a trabalhar com 19 anos. Tenho apenas um imóvel que foi fruto da minha vida inteira de trabalho. Desde que eu trabalhava no cível, há mais de dez anos, comecei comprando flats. Depois vendi os flats, comprei um apartamento na rua Tumiaru [que foi vendido]. E depois comprei esse apartamento em que moro."
Adriana diz ainda que não cabe ação civil em matéria tributária. "Se eu deixei de pagar alguma coisa indevida, tem que ser objeto de uma cobrança na Fazenda Pública", diz.
A procuradora Ana Lúcia Amaral diz que a primeira vez que viu a juíza foi em seu interrogatório, na ação penal então em curso: "Há um ditado que diz "contra fatos não há argumentos". Na ausência de argumentos consistentes em sua defesa, a juíza investe contra a pessoa do procurador, o que é corriqueiro nas "defesas" de investigados, acusados ou condenados que não têm como se defender das imputações feitas pelo Ministério Público". (FV)


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