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Procuradoria abre inquérito sobre o patrimônio de juíza
Adriana Soveral, da 8ª Vara Criminal Federal, nega omissão de rendimentos no IR
O apartamento onde mora a magistrada em São Paulo foi arrolado pela Receita e não poderá ser vendido até o final das investigações
FREDERICO VASCONCELOS
DA REPORTAGEM LOCAL
O Ministério Público Federal
instaurou inquérito civil para
apurar suposta improbidade
administrativa da juíza federal
Adriana Pileggi de Soveral, titular da 8ª Vara Criminal Federal
de São Paulo.
Ela é alvo de investigação fiscal, acusada de omissão de rendimentos no Imposto de Renda
no total de R$ 1,372 milhão. Ou
seja, a Receita Federal supõe
que ela sonegou informações e
possui patrimônio incompatível com sua renda.
A pendência com o fisco envolve a compra e venda de dois
imóveis, em 2003 e 2004, localizados em áreas residenciais
valorizadas, nos bairros de Vila
Nova Conceição e Vila Mariana, próximos ao Parque Ibirapuera. As transações foram registradas a preço muito inferior
aos praticados pelo mercado,
conforme laudo de avaliação
apresentado pelo Ministério
Público. Em pelo menos uma
das operações, foram pagas somas elevadas em espécie.
A juíza impugnou o auto de
infração lavrado pela Receita.
Ela afirmou à Folha que "o Ministério Público Federal está
agindo de maneira leviana".
Diz que a portaria da instauração do inquérito é "uma mentira, um engodo, uma aleivosia".
O apartamento onde a magistrada mora, na Vila Mariana,
foi arrolado em abril último pela Receita Federal para garantia de créditos tributários. Ela
não poderá vender o imóvel até
o final das investigações.
Conforme portaria publicada no "Diário de Justiça" de 4
de novembro, assinada pelo
procurador da República José
Roberto Pimenta Oliveira, este
é um procedimento preparatório. Isto é, os dados levantados
"não são suficientes para embasar o ajuizamento de ação civil pública e, por ora, também
não é o caso de arquivamento".
Em abril de 2003, Adriana
Soveral adquiriu um apartamento no bairro da Vila Nova
Conceição, com área útil de
266,8 metros quadrados, área
comum de 125,39 metros quadrados e área total de 392,12
metros quadrados. A escritura
de compra e venda registra que
o preço total ajustado foi de R$
700 mil, dos quais R$ 300 mil
foram pagos "em boa e corrente moeda brasileira".
Em julho de 2004, Adriana
Soveral transmitiu esse imóvel
por dação em pagamento à sua
mãe, a advogada Maria Emília
Pileggi (que o venderia em novembro daquele ano) e adquiriu um apartamento maior, onde reside atualmente, pelo valor registrado de R$ 600 mil
(R$ 400 mil pagos no ato e R$
200 mil deveriam ser pagos até
dezembro de 2004 no domicílio da vendedora).
O apartamento, com quatro
vagas na garagem e um depósito, tem área útil de 301,3 metros quadrados, área comum de
352,39 metros quadrados e
uma área total de 653,69 metros quadrados.
Operação Anaconda
Adriana Soveral foi investigada durante a Operação Anaconda, em 2003, quando a Polícia Federal desbaratou suposta
quadrilha que negociava sentenças. Foi afastada duas vezes
do cargo. Foi acusada de prevaricação, abuso de autoridade e
corrupção -a denúncia foi rejeitada. Também foi denunciada, juntamente com o ex-juiz
federal João Carlos da Rocha
Mattos, sob a acusação de usar
em veículos particulares placas
de uso privativo da Polícia Federal, mas o Supremo Tribunal
Federal considerou que não havia crime, apenas uma irregularidade administrativa.
Ela ainda responde a uma
ação por improbidade administrativa no caso das placas.
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