|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CAMPO MINADO
Movimento reivindicará desapropriação de área excedente em fazendas com mais de 35 módulos fiscais
MST quer limitar tamanho de propriedade
FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE
EDUARDO SCOLESE
DA AGÊNCIA FOLHA
O MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) se
prepara para erguer uma nova
bandeira de luta pela reforma
agrária: vai passar a reivindicar
em suas manifestações a limitação do tamanho das propriedades
rurais no país.
Adversário dos latifúndios
(grandes propriedades rurais improdutivas), o movimento quer
pressionar o governo federal e o
Congresso para que não permitam a existência de fazendas com
mais de 35 módulos fiscais, fração
de terra cuja área varia de acordo
com as regiões do país.
No Brasil, o módulo fiscal varia
entre 5 e 110 hectares, de acordo
com o desenvolvimento e a produtividade de cada município.
Em média, o limite de uma propriedade rural na região Sudeste
seria equivalente a 1.225 ha e, no
Norte, a 2.625 ha. Em São Paulo, a
extensão máxima de uma fazenda
seria de 1.050 ha, o equivalente a
metade da área do arquipélago de
Fernando de Noronha.
Tramita no Congresso um projeto de emenda constitucional da
deputada Luci Choinacki (PT-SC)
que prevê a inclusão desse limite
de área como uma quarta função
social das propriedades (produtividade e respeito ao ambiente e às
leis trabalhistas). Acima do limite
de 35 módulos, de acordo com o
PEC, o terreno seria expropriado
para fins de reforma agrária, e o
proprietário receberia em dinheiro apenas o valor referente às benfeitorias da fazenda.
Para o MST, não há razão para
que alguém possua fazendas com
mais de 35 lotes contínuos no Brasil. "Quem tem mais deve ficar
com os 35 e ter o resto desapropriado de forma sumária para a
reforma agrária", disse Jaime
Amorim, da direção nacional do
movimento. "Essa é a decisão que
mais esperamos do novo governo", declarou à Agência Folha.
Segundo a superintendência
pernambucana do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), fazendas com
mais de 15 módulos são consideradas grandes. Já as propriedades
rurais de médio porte, com até 15
módulos fiscais, por lei, não podem ser desapropriadas.
Amorim disse que o MST passou a considerar a luta pela limitação do tamanho das propriedades
"prioritária" em relação ao fim da
medida provisória que suspende
por dois anos a reforma agrária
em terras invadidas.
"Acabar ou não com a medida
provisória é um problema do governo", declarou o líder dos sem-terra. "Para nós, tanto faz, porque
vamos continuar ocupando do
mesmo jeito", afirmou.
Segundo ele, as invasões e as
manifestações de protesto "são a a
forma de pressionar e de mostrar
a terra improdutiva que deve ser
desapropriada."
Para Luiz Antonio Nabhan Garcia, presidente nacional da UDR
(União Democrática Ruralista),
uma eventual aprovação do PEC
"seria uma desgraça para a agricultura brasileira". Segundo ele, é
inviável hoje um produtor trabalhar com lucratividade em uma
área inferior a 500 hectares.
"Esse projeto de limitação provocaria, caso fosse aprovado, o
que eu não acredito que venha a
ocorrer, um crescimento da pobreza e do desemprego. Além disso, o presidente Lula perderia toda a estrutura para tocar o programa Fome Zero", disse.
Texto Anterior: MS: Adversários de Zeca do PT pedem cassação de governador no TSE Próximo Texto: Ministro não é encontrado para comentar caso Índice
|