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REFORMA MINISTERIAL
Presidente afirma que mandatos são passageiros e critica "aqueles que não sabem viver sem corte"
Lula diz que ministros só estão ministros
JULIA DUAILIBI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Às vésperas de realizar uma reforma ministerial, o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva afirmou
que os políticos têm de ser conscientes de que o "mandato é passageiro" e criticou aqueles que
não sabem "viver sem corte".
"O Brasil teve um ministro da
Educação chamado Eduardo Portela [governo João Figueiredo] ,
que uma vez deu uma declaração
dizendo: "Eu não sou ministro, eu
estou ministro'", disse Lula na
abertura da 8ª Marcha a Brasília
em Defesa dos Municípios.
O presidente disse a frase num
momento em que discorria sobre
os "avanços" que o país conquistou nas relações entre os entes federativos nos últimos anos.
Embora não tenha sido explícito, mandou um recado sutil para
os 14 ministros que estavam na
tribuna ao seu lado, entre os quais
Amir Lando (Previdência) e Aldo
Rebelo (Coordenação Política),
cotados para deixar os cargos.
Para Lula, a frase de Portela deve de ser um "paradigma" de como os governantes têm de ser
"muito mais humildes".
"Na verdade, estamos exercendo um cargo. Depois do nosso
mandato, o que vamos fazer? Cada um vai voltar para a vida particular", disse Lula, que completou:
"E vocês sabem que nem todo
mundo sabe viver sem corte. É
um trabalho psicológico de profundidade. A gente ter que ter
muita consciência de que o mandato é muito passageiro. Voltamos a ser o que éramos. Não há
eternidade na função, senão a democracia corre sérios riscos."
Lula foi bem recebido pelos cerca de 3.000 prefeitos que se aglomeravam no auditório de um hotel de Brasília. Foi, no entanto, cobrado para que os municípios tenham mais participação no bolo
tributário. Lula respondeu pedindo empenho para a aprovação da
reforma tributária que tramita na
Câmara -o governo diz que ela
destinará mais recursos para os
municípios.
O presidente também fez demandas aos prefeitos. Além do
empenho para a fiscalização do
Bolsa-Família nos municípios,
pediu que fossem organizadas
nas cidades cooperativas de crédito e acabou falando sobre juros.
"E, ao invés de ficar chorando a
baixa dos juros e, nem sempre, ela
vai baixar como se quer, é preciso
que a gente crie mecanismos inovadores. Daí o sucesso que teve o
empréstimo consignado", disse.
Ao falar da relação com os prefeitos, criticou o governo Fernando Henrique Cardoso: "Fiquem
certos de que se compararem a relação entre os entes federativos
com oito anos atrás, vocês já entraram no reino dos céus tal a facilidade que existe hoje".
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