São Paulo, terça-feira, 08 de março de 2005

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REFORMA MINISTERIAL

Presidente afirma que mandatos são passageiros e critica "aqueles que não sabem viver sem corte"

Lula diz que ministros só estão ministros

JULIA DUAILIBI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Às vésperas de realizar uma reforma ministerial, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que os políticos têm de ser conscientes de que o "mandato é passageiro" e criticou aqueles que não sabem "viver sem corte".
"O Brasil teve um ministro da Educação chamado Eduardo Portela [governo João Figueiredo] , que uma vez deu uma declaração dizendo: "Eu não sou ministro, eu estou ministro'", disse Lula na abertura da 8ª Marcha a Brasília em Defesa dos Municípios.
O presidente disse a frase num momento em que discorria sobre os "avanços" que o país conquistou nas relações entre os entes federativos nos últimos anos.
Embora não tenha sido explícito, mandou um recado sutil para os 14 ministros que estavam na tribuna ao seu lado, entre os quais Amir Lando (Previdência) e Aldo Rebelo (Coordenação Política), cotados para deixar os cargos.
Para Lula, a frase de Portela deve de ser um "paradigma" de como os governantes têm de ser "muito mais humildes".
"Na verdade, estamos exercendo um cargo. Depois do nosso mandato, o que vamos fazer? Cada um vai voltar para a vida particular", disse Lula, que completou: "E vocês sabem que nem todo mundo sabe viver sem corte. É um trabalho psicológico de profundidade. A gente ter que ter muita consciência de que o mandato é muito passageiro. Voltamos a ser o que éramos. Não há eternidade na função, senão a democracia corre sérios riscos."
Lula foi bem recebido pelos cerca de 3.000 prefeitos que se aglomeravam no auditório de um hotel de Brasília. Foi, no entanto, cobrado para que os municípios tenham mais participação no bolo tributário. Lula respondeu pedindo empenho para a aprovação da reforma tributária que tramita na Câmara -o governo diz que ela destinará mais recursos para os municípios.
O presidente também fez demandas aos prefeitos. Além do empenho para a fiscalização do Bolsa-Família nos municípios, pediu que fossem organizadas nas cidades cooperativas de crédito e acabou falando sobre juros.
"E, ao invés de ficar chorando a baixa dos juros e, nem sempre, ela vai baixar como se quer, é preciso que a gente crie mecanismos inovadores. Daí o sucesso que teve o empréstimo consignado", disse.
Ao falar da relação com os prefeitos, criticou o governo Fernando Henrique Cardoso: "Fiquem certos de que se compararem a relação entre os entes federativos com oito anos atrás, vocês já entraram no reino dos céus tal a facilidade que existe hoje".


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