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ELEIÇÕES 2006/PRESIDÊNCIA
Partidos pediram a ministro rito rápido do STF para configurar cenário eleitoral
Jobim promete decisão sobre verticalização até fim do mês
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Presidentes de partidos políticos e o presidente do STF, ministro Nelson Jobim, fizeram ontem
um acordo que estabelece um rito
jurídico rápido para que o Supremo Tribunal Federal dê até o fim
deste mês a palavra final se a queda da verticalização valerá ou não
para as eleições de outubro.
A verticalização, regra que proíbe os partidos de fazer alianças
nos Estados com adversários na
eleição presidencial, é objeto de
debate entre o Judiciário e o Congresso. As coligações nos Estados
e a viabilização de candidaturas
presidenciais dependem da decisão do STF.
O Congresso aprovou uma
emenda constitucional que acaba
com a regra, mas o TSE (Tribunal
Superior Eleitoral) entende que
essa decisão não valerá para outubro, pois foi tomada a menos de
um ano das eleições (princípio da
anterioridade).
Pelo acordo firmado entre os
presidentes de partido e Jobim, o
presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), promulgará
hoje a emenda aprovada no Congresso. De imediato, a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil)
entrará no STF com uma ação direta de inconstitucionalidade. Jobim se comprometeu a acelerar a
apreciação dessa ação a fim de
que o Supremo decida rapidamente. A promessa é ter uma decisão até o dia 25. A tendência do
STF hoje é manter a verticalização
para estas eleições e torná-la inválida só a partir de 2010, segundo
apurou a Folha.
Os presidentes do PSDB e do
PFL, senadores Tasso Jereissati
(CE) e Jorge Bornhausen (SC), ficaram encarregados de informar
Renan do acordo e de orientá-lo a
deixar prontos os argumentos jurídicos a favor do fim da verticalização já em outubro.
"Ninguém foi tratar do mérito
[com Jobim], mas dizer que os
partidos querem uma decisão para que os partidos tenham segurança sobre as regras eleitorais",
disse o presidente do PMDB, deputado federal Michel Temer
(SP). O PMDB é um dos maiores
interessados no final imediato da
verticalização.
Além de Temer, Tasso e Bornhausen, estiveram no encontro o
presidente do PPS, deputado Roberto Freire (PE), e o senador
Cristovam Buarque (PDT-DF).
Sem interferência
Antes da reunião, o presidente
da Câmara, Aldo Rebelo (PC do
B-SP), afirmou que o encontro
ocorre no "contexto do diálogo
das instituições". "Não vai interferir nos prazos do Supremo da
mesma forma que não aceitamos
que o Supremo interfira nos prazos da Câmara", disse Aldo.
Para o líder do PSB, deputado
Renato Casagrande (ES), a verticalização tira a autonomia dos
partidos nos Estados.
A regra passou a valer a partir de
2002, quando o TSE fez uma interpretação da lei eleitoral após
consulta do deputado Miro Teixeira (PDT-RJ). Se a medida for
mantida, PT e PSDB, por exemplo, que lançarão candidatos à
Presidência, não poderão fazer
alianças entre si nos Estados. E o
PMDB pensará duas vezes antes
de lançar candidato ao Planalto.
Roberto Freire, contrário à verticalização, considera a regra "antidemocrática". "Vão mudar todas as regras se tiver processo de
verticalização. Todo mundo estava se organizando dentro do sentido da não-verticalização, com
alianças livres nos Estados."
(KENNEDY ALENCAR, LUCIANA CONSTANTINO E ADRIANO CEOLIN)
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