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Via Campesina depreda Monsanto em SP
Sem-terra destroem campo de milho transgênico em protesto contra liberação de duas variedades do grão pelo governo
Multinacional relata em boletim de ocorrência que foi invadida por cerca de 40 pessoas; movimento afirma que eram 300 manifestantes
MAURÍCIO SIMIONATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SANTA CRUZ DAS PALMEIRAS (SP)
Um grupo de manifestantes
-na maioria mulheres- ligados à Via Campesina invadiu na
madrugada de ontem a unidade
de pesquisa da empresa norte-americana Monsanto, em Santa Cruz das Palmeiras (244 km
de São Paulo), e destruiu um viveiro e um campo experimental de milho transgênico.
A Monsanto registrou boletim de ocorrência na Polícia Civil da cidade, no qual relatou
que um vigia da empresa, que
estava na guarita, foi rendido e
ficou amarrado durante 40 minutos. Ninguém ficou ferido.
No boletim, a empresa registrou que foi invadida por cerca
de 40 pessoas. No entanto, um
funcionário disse à Folha que
foram cerca de cem pessoas. Já
a direção nacional do movimento afirmou que 300 pessoas participaram da invasão.
A Polícia Civil abriu inquérito para apurar os crimes de dano ao patrimônio e de cárcere
privado. Segundo o boletim de
ocorrência, antes de amarrar o
vigia, os manifestantes o renderam "com foices e paus".
Em 2001, o Greenpeace já
havia realizado um protesto
nessa mesma área contra o
plantio de milho geneticamente modificado. Na ocasião, os
ativistas cercaram uma plantação experimental e coloriram
as sementes com tinta atóxica.
Na terça-feira, 69 pessoas ligadas à Via Campesina ficaram
feridas durante reintegração
de posse feita pela PM em fazenda da multinacional Stora
Enso em Rosário do Sul (RS).
Ontem, os manifestantes
chegaram por volta das 3h e
derrubaram parte de um alambrado que dá acesso à empresa.
Em seguida, destruíram o viveiro e o campo experimental.
A ação durou cerca de uma hora. Quando a PM chegou, não
havia mais ninguém no local.
A Via Campesina disse que o
objetivo era protestar contra a
liberação de duas variedades de
milho transgênico pelo Conselho Nacional de Biossegurança.
Segundo nota do movimento,
"o governo Lula cedeu às pressões das empresas do agronegócio e liberou, em fevereiro, o
plantio e comercialização das
variedades Guardian (da linhagem MON810 da Monsanto) e
Libertlink (da alemã Bayer)".
A invasão faz parte da Jornada Nacional de Lutas da Via
Campesina. Uma guarita da
empresa foi pichada com dizeres "Mulheres em luta", "Fora
Monsanto", "MST" e "Movimento Via Campesina".
"O objetivo foi protestar contra a decisão do Brasil de produzir milho transgênico. Não
existe nenhum estudo conclusivo que diga se tem ou não tem
problemas para a saúde e para
o ambiente", disse uma das
coordenadoras da Via Campesina, Marina dos Santos.
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