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DOMINGUEIRA
O Rio é aqui
MARCOS AUGUSTO GONÇALVES
Editor de Domingo
Algumas áreas de opinião
de São Paulo alimentam a
idéia de que morar no Rio de
Janeiro é conviver cotidianamente com o caos.
O incêndio no aeroporto, os
apagões da Ligth, o desmoronamento do edifício da Barra
e a imagem de violência, que
ainda perdura, servem para
confirmar a convicção e reconfortar o paulistano: ele
não mora numa bela cidade,
não tem uma linda paisagem,
não vê o mar, mas as coisas,
ao menos, funcionam.
Esta semana, a quimera foi
tristemente demolida pelas
águas de março, que acentuaram os problemas que já vinham se acumulando na cidade: apagões em diversos
bairros, lixo, buracos nas
ruas, engarrafamentos infindáveis etc.
Sob chuva, São Paulo transformou-se numa selva urbana. Sinais apagados, automóveis subindo uns sobre os outros, túneis alagados, regiões
inteiras sem energia elétrica,
as pessoas com medo de sair
às ruas.
A paulatina degradação da
cidade, levada à falência pela
irresponsabilidade confessa
da dupla Maluf e Pitta (que o
humor paulistano já apelidou
de Pittanic), vai chegando ao
estágio de calamidade.
Nada leva a crer que o prefeito, condenado pela Justiça
e pela opinião pública, envolvido em casos mais do que
suspeitos, sem carisma e sem
autoridade, possa renovar as
esperanças dos paulistanos de
viver melhor.
Claro que, provavelmente,
haverá tempo para as maquiagens de praxe: um "lençol
asfáltico" aqui, um "fura-fila" ali, uma jardinagem acolá. Talvez possa ser o suficiente para, mais uma vez, seduzir
um eleitorado que -diga-se- parece merecer os governantes que tem.
Enquanto isso, Brasília continua confundindo as bolas.
Num show de oportunismo e
demagogia, mostrou, ao prometer indenização às vítimas
do Palace, sua concepção de
"social" -certamente mais
para o colunismo do que para
qualquer outra coisa.
No Brasil, um berro da classe média vale mais do que mil
uivos do populacho.
A propósito, não deveria a
prefeitura, essa sim responsável pela tragédia, indenizar as
vítimas do temporal de São
Paulo? Como ficam as pessoas
que tiveram suas vidas ameaçadas e seus bens arruinados
em ruas e túneis que deveriam
dar vazão à chuva?
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