São Paulo, domingo, 8 de março de 1998

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

SUCESSÃO PRESIDENCIAL
Para FHC, apoio aumenta chance de vitória no 1º turno
Convenção define posição e o futuro peemedebista

Sérgio Lima/Folha Imagem
Faixas do PMDB são colocadas no Congresso ontem na preparação para a convenção de hoje no partido


LUCIO VAZ
LUIZA DAMÉ
da Sucursal de Brasília


O PMDB decide hoje em Convenção Nacional se terá candidato próprio a presidente da República. Se a proposta for derrotada, estará garantido o apoio à candidatura do presidente Fernando Henrique Cardoso, candidato à reeleição.
Com o apoio do PMDB a FHC, aumentam as chances de a eleição presidencial ser definida no primeiro turno, caso o presidente se mantenha favorito até outubro.
A vitória da candidatura própria não significa que o candidato do PMDB será o ex-presidente Itamar Franco, que hoje é o pré-candidato de maior destaque no partido.
Os senadores José Sarney (AP) e Roberto Requião (PR) poderão disputar a convenção de junho, quando oficialmente o partido definirá o seu candidato.
As duas correntes afirmam ter mais de 400 dos 703 votos. A virada pró-candidatura própria na Paraíba e a indefinição em Santa Catarina equilibraram a disputa às vésperas da convenção.
O programa do partido na TV, coordenado pelo presidente nacional, deputado Paes de Andrade (CE), reforçou a divisão interna. Paes privilegiou os defensores da candidatura própria, provocando uma ação na Justiça por iniciativa dos governistas.

Divisão
Em qualquer decisão, o partido não sairá unido. Líderes como o ex-governador Orestes Quércia (SP) e Requião não apoiarão FHC. Requião já antecipou que trabalhará pelo apoio do partido a Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se for derrotado na convenção.
O Planalto aposta que a maioria dos governadores e parlamentares do PMDB estará no palanque de FHC mesmo que o partido decida pela candidatura própria.
Pensando na própria reeleição, os governistas do PMDB precisam dos cargos e das verbas federais para fazer campanha. A diferença está na forma de negociação.
"Se vencer o apoio a Fernando Henrique, teremos uma negociação institucional para definir o espaço do partido no governo. Com a vitória da candidatura própria, as negociações serão caso a caso", comentou o ministro Eliseu Padilha (Transportes), um dos coordenadores do grupo governista.
A derrota dos governistas mudaria não só a campanha presidencial, mas também o restante do governo FHC. Os três ministros do partido, Padilha, Iris Rezende (Justiça) e Fernando Catão (Políticas Regionais), colocarão os cargos à disposição amanhã se for aprovada a candidatura própria.
A pressão dos cargos e verbas federais sobre os convencionais será contrabalançada por uma norma: o voto secreto. Possíveis traições jamais serão identificadas.
Os 521 convencionais terão 700 votos porque muitos terão direito a dois, três e até cinco votos, como é o caso do líder do partido no Senado, Jader Barbalho (PA).
As maiores delegações são as de São Paulo (80 votos) e de Minas Gerais (74 votos), ambas com preferência pela candidatura própria. Os governistas têm ampla vantagem no Rio Grande do Sul (59 votos), Goiás (45 votos) e Pará (39 votos). Pelo menos sete dos oito governadores do partido apóiam a reeleição de FHC.
A convenção vai começar às 9h, com um discurso de Paes. As urnas serão abertas às 17h. Estão previstas duas votações: uma sobre a candidatura própria e outra para decidir se será mantida a prorrogação do mandato de Paes.
O seu mandato foi prorrogado até outubro pela Executiva Nacional do partido em 97. Em novembro o Conselho Político remeteu a decisão para a convenção.
Qualquer que seja o resultado, Paes não perderá o mandato hoje. Será necessário convocar nova convenção. Se a candidatura própria for derrotada, os governistas certamente terão maioria para afastá-lo do cargo.
"Nesse caso, Paes não terá condições políticas de conduzir o partido", disse o líder na Câmara, deputado Geddel Vieira Lima (BA).



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.