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SÃO PAULO
Avaliação do PSDB é que trocar título de governador pelo de candidato abalaria a atual unanimidade no partido
Tucano se preserva, mas flerta com 2002
DA REPORTAGEM LOCAL
As evasivas de Geraldo Alckmin quando o assunto é a sucessão estadual têm, além da incógnita jurídica que ainda cerca a
questão, dois outros motivos básicos, segundo tucanos paulistas.
Primeiro: ele é hoje uma unanimidade no partido, e não há mais
ninguém disposto a enfrentá-lo
internamente. Portanto, desde
que tenha uma boa avaliação no
governo, não precisa ter pressa de
iniciar a corrida eleitoral.
Segundo: a credibilidade de um
candidato assumido é sempre
menor do que a de um governador. Ou seja: admitir que estará na
disputa de 2002 poderá fazer com
que o anúncio de propostas do
governo -como a da desativação
da Casa de Detenção- passe a
soar como promessa eleitoral.
Os tucanos afirmam que o segundo motivo é a tradução do que
Alckmin quer dizer quando repete a frase: "Antecipar a sucessão
encurta, atrapalha o governo".
A sucessão foi tema da maior
parte das perguntas dirigidas a
Alckmin nesse primeiro mês, mas
foi também o assunto para o qual
ele menos deu respostas.
Ela é sempre a mesma: "A minha tarefa é completar o governo
Mário Covas. Quanto à eleição,
acho essa discussão totalmente
fora de hora. Sucessão não deve
ser antecipada. Antecipar encurta
o governo. Além disso, candidatura majoritária não é fruto de voluntarismo, de vontade pessoal".
Para o deputado estadual Walter Feldman, presidente da Assembléia Legislativa e coordenador da campanha de Alckmin à
Prefeitura de São Paulo (2000), a
resposta resume o estilo Alckmin:
"absolutamente previsível".
"Com Alckmin não há surpresas. Ele não cria fatos. Portanto,
temos a previsibilidade do sucesso do governo", disse Feldman.
Sucesso esse já admitido pelos
potenciais adversários. O deputado federal José Genoino, por
exemplo, pré-candidato do PT ao
governo, já disse publicamente
que Alckmin será seu "maior obstáculo", mas emendou elogios ao
governador, dizendo que os dois
terão um debate de alto nível. Criticar o novo titular é hoje uma tarefas para poucos na oposição.
Alckmin é tido como o "tesouro" dos tucanos, segundo Feldman. E preservar essa cômoda
posição passa, Alckmin sabe, por
evitar exposição excessiva por intermédio das polêmicas que marcam a vida de quem está na linha
de frente -sobretudo com o PT,
considerado o principal adversário tucano nas eleições de 2002.
Para perguntas "picantes", evasivas e brincalhonas. "Como cidadão, como o sr. avalia os primeiros três meses da administração
de Marta Suplicy (PT)?", perguntou a Folha ao governador.
"É prematuro. E fui adversário
dela. Podem achar que é coisa de
quem perdeu", respondeu.
"Governador não pode falar como cidadão?"
"Melhor não."
Alckmin e Marta Suplicy têm
enfrentado um período de turbulência nas relações institucionais.
Primeiro, a petista cobrou publicamente um prometido policiamento no centro. Alckmin revidou de forma discreta, sugerindo
que ela usasse os policiais do trânsito, que hoje aplicam multas.
Marta disse mais: está tendo
problemas nas parcerias com o
Estado. O governador desconversou: "Os terrenos que eles apresentaram não são adequados para
a construção dos piscinões".
Não foi diferente quando os jornalistas perguntaram a Alckmin
se ele achava que Pedro Malan
(Fazenda) tem a cara do PSDB.
"Pode crescer o bico", rebateu.
(SÍLVIA CORRÊA)
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