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Vice-presidente critica "constrangimento cambial" e defende aprovação de reformas para que país "volte a crescer" e "gerar empregos"
"Brasil não está tão bem assim", diz Alencar
SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Na contramão do restante da
equipe, que vem usando a política
econômica como trunfo nos primeiros três meses do governo
Luiz Inácio Lula da Silva, o vice-presidente da República, José
Alencar, disse que "o Brasil não
está tão bem assim", ao defender
a aprovação das reformas, particularmente a trabalhista.
"Precisamos estar em condições
de compreender o novo tempo
que estamos vivendo. O Brasil
não está tão bem assim. Temos
que fazer alguma coisa para ajustar a economia brasileira para que
ela volte a crescer, gerar empregos
e principalmente distribuir renda", afirmou o vice-presidente.
Alencar fez as afirmações ontem de manhã, em rápida entrevista após participar da solenidade de abertura do Fórum Internacional sobre Flexibilização no Direito do Trabalho, promovido pelo Tribunal Superior do Trabalho
com o objetivo de discutir alterações na CLT (Consolidação das
Leis do Trabalho).
Ele lamentou a manutenção de
altas taxas de juros e a necessidade de captação de dinheiro externo para manter o valor da moeda,
chamando-a de constrangimento
cambial. "A saída para o Brasil
agora é fazer crescer o saldo da
balança comercial para que haja o
fim do constrangimento cambial
e o Brasil possa naturalmente
crescer por meio da queda dos juros, que pesam brutalmente sobre
a economia brasileira."
O vice-presidente, que também
é empresário, protestou contra o
achatamento salarial. "A cada dia
o salário é mais achatado. Além
do desemprego, estamos convivendo com o subemprego."
No discurso na abertura do fórum, em que falou em nome do
presidente Lula, ele conclamou os
sindicatos a abrirem mão de reivindicações corporativistas.
"O presidente Lula tem recomendado que os sindicalistas deixem de defender questões ligadas
ao corpo a que pertencem e passem a defender elevadas causas
nacionais. Só assim a classe poderá ser beneficiada."
Depois Alencar afirmou que,
com a flexibilização de normas da
CLT, "todos os sindicatos estarão
em melhores condições até para
fazer movimentos de reivindicação salarial". Para ele, esses movimentos "não existem mais porque os cidadãos têm medo de perder o emprego".
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