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São Paulo, terça-feira, 08 de abril de 2003

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Vice-presidente critica "constrangimento cambial" e defende aprovação de reformas para que país "volte a crescer" e "gerar empregos"

"Brasil não está tão bem assim", diz Alencar

SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Na contramão do restante da equipe, que vem usando a política econômica como trunfo nos primeiros três meses do governo Luiz Inácio Lula da Silva, o vice-presidente da República, José Alencar, disse que "o Brasil não está tão bem assim", ao defender a aprovação das reformas, particularmente a trabalhista.
"Precisamos estar em condições de compreender o novo tempo que estamos vivendo. O Brasil não está tão bem assim. Temos que fazer alguma coisa para ajustar a economia brasileira para que ela volte a crescer, gerar empregos e principalmente distribuir renda", afirmou o vice-presidente.
Alencar fez as afirmações ontem de manhã, em rápida entrevista após participar da solenidade de abertura do Fórum Internacional sobre Flexibilização no Direito do Trabalho, promovido pelo Tribunal Superior do Trabalho com o objetivo de discutir alterações na CLT (Consolidação das Leis do Trabalho).
Ele lamentou a manutenção de altas taxas de juros e a necessidade de captação de dinheiro externo para manter o valor da moeda, chamando-a de constrangimento cambial. "A saída para o Brasil agora é fazer crescer o saldo da balança comercial para que haja o fim do constrangimento cambial e o Brasil possa naturalmente crescer por meio da queda dos juros, que pesam brutalmente sobre a economia brasileira."
O vice-presidente, que também é empresário, protestou contra o achatamento salarial. "A cada dia o salário é mais achatado. Além do desemprego, estamos convivendo com o subemprego."
No discurso na abertura do fórum, em que falou em nome do presidente Lula, ele conclamou os sindicatos a abrirem mão de reivindicações corporativistas.
"O presidente Lula tem recomendado que os sindicalistas deixem de defender questões ligadas ao corpo a que pertencem e passem a defender elevadas causas nacionais. Só assim a classe poderá ser beneficiada."
Depois Alencar afirmou que, com a flexibilização de normas da CLT, "todos os sindicatos estarão em melhores condições até para fazer movimentos de reivindicação salarial". Para ele, esses movimentos "não existem mais porque os cidadãos têm medo de perder o emprego".


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