São Paulo, sábado, 08 de abril de 2006

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CONSELHO DE ÉTICA

Um renuncia, e cinco prometem sair

SILVIO NAVARRO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Um dia depois do anúncio da renúncia em bloco do Conselho de Ética, só um dos cinco deputados que anunciaram a saída do órgão, Orlando Fantazzini (PSOL-SP), formalizou a decisão à direção da Câmara.
O grupo decidiu abandonar o Conselho em protesto à absolvição do ex-presidente da Casa João Paulo Cunha (PT-SP) no plenário. O grupo ganhou ontem a adesão de Carlos Sampaio (PSDB-SP), ampliando para seis o número de dissidentes: "Minha indignação não consegue aguardar mais um dia, e indignação não pode ter data marcada", disse.
Os cinco deputados que não oficializaram a renúncia argumentaram que só não a protocolaram ontem porque estavam em seus Estados: "Não houve tempo hábil, mas não existe possibilidade de recuo. Na segunda-feira todo mundo oficializa a burocracia regimental", disse Júlio Delgado (PSB-MG). Segundo Delgado, Fantazzini foi o único a formalizar o pedido porque sua decisão estava preparada com antecedência, antes de ele viajar ao exterior.
No total, nove integrantes do Conselho assinaram uma carta de renúncia anteontem. Dos nove, entretanto, somente seis afirmaram que não participarão de mais nenhuma reunião do órgão: Delgado, Fantazzini, Sampaio, Chico Alencar (PSOL-RJ), Benedito de Lira (PP-AL) e Cézar Schirmer (PMDB-RS), que é suplente.
Os outros três signatários da carta de renúncia -Nelson Trad (PMDB-MS), Marcelo Ortiz (PV-SP) e Cláudio Magrão (PPS-SP)- ainda hesitam em atender ao apelo do presidente do Conselho, Ricardo Izar (PTB-SP), para que permaneçam até o término dos dois processos pendentes -Vadão Gomes (PP-SP) e José Janene (PP-PR).
No caso de Ortiz, que é suplente, o que o fez recuar da decisão foi a proposta de Izar para que fique com a relatoria do processo contra Janene, então atribuída à deputada Angela Guadagnin (PT-SP), afastada do Conselho.
Nelson Trad afirmou ao grupo que reavaliará sua posição até segunda-feira, mas tende a acatar o pedido devido à amizade que mantém com Izar. Já o caso de Magrão está nas mãos da direção do PPS. Segundo a liderança do partido na Câmara, ele está "em compasso de espera". Inicialmente, ele havia assinado a carta, mas o PPS tem interesse em retomar uma vaga de titular no Conselho.
O presidente do Conselho voltou ontem a lamentar a saída dos integrantes, mas disse acreditar que alguns ainda recuarão da decisão na próxima semana: "Até agora houve uma saída oficializada e acho que pode chegar a três". Izar disse ter ficado magoado com o grupo que, segundo ele, "se preocupou mais com a imprensa do que com o presidente".
Se a saída do grupo for confirmada, o Conselho passará a ter uma nova composição a partir da próxima semana. O PT, por exemplo, informou que indicará os nomes de Paulo Pimenta (RS) e Anselmo de Jesus (RO) para ocupar as duas vagas deixadas pelos deputados do PSOL.
Até agora, o Conselho recomendou 11 cassações de mandato e duas absolvições no caso do mensalão. O plenário acatou as duas absolvições, mas reverteu seis cassações. Restam quatro casos, dois na fila do plenário (ambos pela cassação) e dois à espera de parecer do Conselho de Ética.


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