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CONSELHO DE ÉTICA
Um renuncia, e cinco prometem sair
SILVIO NAVARRO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Um dia depois do anúncio da
renúncia em bloco do Conselho
de Ética, só um dos cinco deputados que anunciaram a saída do
órgão, Orlando Fantazzini
(PSOL-SP), formalizou a decisão
à direção da Câmara.
O grupo decidiu abandonar o
Conselho em protesto à absolvição do ex-presidente da Casa João
Paulo Cunha (PT-SP) no plenário. O grupo ganhou ontem a adesão de Carlos Sampaio (PSDB-SP), ampliando para seis o número de dissidentes: "Minha indignação não consegue aguardar
mais um dia, e indignação não
pode ter data marcada", disse.
Os cinco deputados que não oficializaram a renúncia argumentaram que só não a protocolaram
ontem porque estavam em seus
Estados: "Não houve tempo hábil,
mas não existe possibilidade de
recuo. Na segunda-feira todo
mundo oficializa a burocracia regimental", disse Júlio Delgado
(PSB-MG). Segundo Delgado,
Fantazzini foi o único a formalizar
o pedido porque sua decisão estava preparada com antecedência,
antes de ele viajar ao exterior.
No total, nove integrantes do
Conselho assinaram uma carta de
renúncia anteontem. Dos nove,
entretanto, somente seis afirmaram que não participarão de mais
nenhuma reunião do órgão: Delgado, Fantazzini, Sampaio, Chico
Alencar (PSOL-RJ), Benedito de
Lira (PP-AL) e Cézar Schirmer
(PMDB-RS), que é suplente.
Os outros três signatários da
carta de renúncia -Nelson Trad
(PMDB-MS), Marcelo Ortiz (PV-SP) e Cláudio Magrão (PPS-SP)- ainda hesitam em atender
ao apelo do presidente do Conselho, Ricardo Izar (PTB-SP), para
que permaneçam até o término
dos dois processos pendentes
-Vadão Gomes (PP-SP) e José
Janene (PP-PR).
No caso de Ortiz, que é suplente,
o que o fez recuar da decisão foi a
proposta de Izar para que fique
com a relatoria do processo contra Janene, então atribuída à deputada Angela Guadagnin (PT-SP), afastada do Conselho.
Nelson Trad afirmou ao grupo
que reavaliará sua posição até segunda-feira, mas tende a acatar o
pedido devido à amizade que
mantém com Izar. Já o caso de
Magrão está nas mãos da direção
do PPS. Segundo a liderança do
partido na Câmara, ele está "em
compasso de espera". Inicialmente, ele havia assinado a carta, mas
o PPS tem interesse em retomar
uma vaga de titular no Conselho.
O presidente do Conselho voltou ontem a lamentar a saída dos
integrantes, mas disse acreditar
que alguns ainda recuarão da decisão na próxima semana: "Até
agora houve uma saída oficializada e acho que pode chegar a três".
Izar disse ter ficado magoado com
o grupo que, segundo ele, "se
preocupou mais com a imprensa
do que com o presidente".
Se a saída do grupo for confirmada, o Conselho passará a ter
uma nova composição a partir da
próxima semana. O PT, por
exemplo, informou que indicará
os nomes de Paulo Pimenta (RS) e
Anselmo de Jesus (RO) para ocupar as duas vagas deixadas pelos
deputados do PSOL.
Até agora, o Conselho recomendou 11 cassações de mandato e
duas absolvições no caso do mensalão. O plenário acatou as duas
absolvições, mas reverteu seis cassações. Restam quatro casos, dois
na fila do plenário (ambos pela
cassação) e dois à espera de parecer do Conselho de Ética.
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