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Conselho da TV Brasil vai apurar "controle"
Grupo analisará declarações de jornalista que acusou o governo de interferir no conteúdo da TV pública
DA REDAÇÃO
O Conselho Curador da TV
Brasil decidiu montar uma comissão corregedora para analisar as denúncias feitas pelo jornalista Luiz Lobo, que era âncora e editor-chefe do jornal
"Repórter Brasil".
Após ser demitido na última
sexta-feira, o jornalista acusou
o Palácio do Planalto de interferir no jornalismo da TV pública federal, lançada em dezembro pelo governo Lula com
a promessa de que não seria
uma emissora chapa-branca.
Ontem, o presidente do Conselho Curador, o economista
Luiz Gonzaga Belluzzo, enviou
e-mail para todos os membros
do órgão. Provavelmente, serão
três corregedores, um deles relator. "Vamos ouvir todas as
pessoas, o jornalista e os outros, com amplo contraditório", afirmou Belluzzo.
A Diretora de jornalismo da
TV Brasil, Helena Chagas, disse
que irá enviar as explicações
sobre a demissão ao conselho.
"Vamos enviar um relatório para mostrar as razões profissionais [da demissão], a começar
pela inadequação dele para a
função de editor-chefe e pelo
fato de ele não querer trabalhar
durante o dia, só a partir das
16h", afirmou Chagas.
Ao todo, 15 conselheiros representam a sociedade civil. "O
fato por si só já deve funcionar
como um alerta para uma possível confusão entre interesses
do governo e interesses públicos", disse o advogado Luiz Edson Fachin, professor da Universidade Federal do Paraná.
"Minha primeira reação é de
descrença, pois os diretores da
TV Brasil sabem que uma concessão em relação ao conteúdo
corresponde à morte da independência. Sou testemunha da
compulsão pela isenção na TV,
mas o assunto é sério demais e
precisa ser examinado", afirmou José Paulo Cavalcanti Filho, ministro interino da Justiça no governo Sarney.
O ex-governador de São Paulo Cláudio Lembo e o professor
Wanderley Guilherme dos Santos, outros dois membros do
conselho, também defenderam
a investigação do caso. "Vamos
apresentar a reportagem e pedir esclarecimentos", disse
Lembo. A artista plástica Rosa
Magalhães e a biofarmacêutica
Maria da Penha disseram que
ainda não sabiam das acusações feitas pelo jornalista.
(FERNANDO BARROS DE MELLO)
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