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GOVERNO DE SP
Vice diverge sobre reembolso
Decisão gera crise
na cúpula da CDHU
EMANUEL NERI
da Reportagem Local
A decisão da CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano) de beneficiar
empreiteiras com a suspensão de
15% de garantias financeiras (caução) do valor de cada contrato para a construção de casas populares
abriu mais um foco de crise na estatal paulista.
A CDHU é suspeita de superfaturar a compra de terrenos dessas
mesmas empresas. A Folha revelou no ano passado que, em 13 terrenos comprados por construtoras e repassados dias depois para a
CDHU, houve suposto superfaturamento de R$ 10,1 milhões.
Mais recentemente, sindicância
feita pela Secretaria de Habitação
do Estado revelou que as perdas
com 51 desses contratos são de R$
25,31 milhões. O Ministério Público entrou com ação civil na Justiça
acusando o presidente da CDHU,
Goro Hama, de improbidade administrativa. Pediu que seus bens
sejam bloqueados.
A suspensão das garantias pode
representar reembolso para as
empreiteiras no valor de até R$ 45
milhões. A decisão, que alterou regras estabelecidas no processo de
licitação para a seleção das empresas contratadas, criou conflito entre Goro Hama e o vice-presidente
da CDHU, Lázaro Piunti.
Para o vice-presidente, a decisão
da CDHU é lesiva ao interesse público. "Por que quebrar o caixa da
CDHU ao devolver R$ 45 milhões
às empreiteiras? Muitos dessas garantias só começariam a ser reembolsadas em 1999", afirma. "Com
esse dinheiro a CDHU poderia fazer muito mais casas populares."
Vício jurídico
Filiado ao PSDB e marido da deputada estadual Maria do Carmo
Piunti, o vice-presidente da
CDHU diz haver ainda vício jurídico na decisão da CDHU. Para
ele, a suspensão das garantias "altera as regras do jogo" estabelecidas no edital de licitação. Segundo
Piunti, a alteração contraria a Lei
das Licitações por prejudicar empresas que perderam a licitação.
Ex-prefeito de Itu (92 km a noroeste de São Paulo), Piunti disse
ter votado contra a suspensão das
garantias por entender que sua decisão "preserva o interesse público
e o governo de Mário Covas".
Por intermédio de sua assessoria
de imprensa, a CDHU informou
ontem que a suspensão das garantias foi revogada no último dia 30.
Piunti contesta essa informação.
Para ele, isso só poderia ocorrer se
houvesse uma nova decisão de toda a diretoria da CDHU.
"A decisão anterior foi tomada
em reunião da diretoria. Então, só
uma nova reunião pode revogar
isso. Não fui convocado para nenhuma reunião para revogar a
suspensão", disse. Para Piunti, o
documento em que a CDHU diz
ter revogado a decisão é um "ato
do presidente" -texto sobre decisões tomadas no âmbito da presidência da empresa.
A CDHU informou que tem documento comprovando que a revogação da suspensão das garantias foi tomada pela diretoria.
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