São Paulo, quarta-feira, 08 de maio de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Paulo Renato diz que "abraçou" candidatura Serra

SÉRGIO DÁVILA
DE NOVA YORK

O ministro da Educação, Paulo Renato Souza, um dos pivôs do escândalo de acusação de pedido de comissão de R$ 15 milhões durante a privatização da Vale do Rio Doce envolvendo Ricardo Sérgio de Oliveira, ex-arrecadador de verba do pré-candidato tucano à Presidência, José Serra, disse que tem um grande interesse hoje: "a eleição de Serra".
Segundo ele, após ter sido preterido pelo PSDB em favor do senador, ele "abraçou" a decisão do partido: "Eu me apresentei como pré-candidato. A decisão de que o candidato seria o Serra foi tomada em dezembro. A partir daí, acabou, não tem mais discussão".
"Eu sou amigo do Serra, considero ele um homem sério, sei que é uma pessoa honesta e que tem as melhores propostas para o país. Não tenho nenhum interesse em prejudicá-lo", disse.
O ministro afirmou que não acha "viável nem desejável para o partido nem para o país" uma renúncia do pré-candidato tucano em favor de outro nome, como defende o PFL.
Paulo Renato, que chegou ontem a Nova York, onde participa de amanhã a sexta da Cúpula Mundial da Infância das Organizações das Nações Unidas (ONU), afirmou que, desde que soube da acusação contra Ricardo Sérgio até ser procurado na semana passada, não havia falado com ninguém sobre o assunto nem com o presidente Fernando Henrique Cardoso.
"Não falei porque, quando me foi contado o assunto, era uma coisa passada, já tinha ocorrido. Eu nunca mais toquei nesse assunto. Quando ele [o empresário Benjamin Steinbruch, a quem o suposto pedido de comissão teria sido feito" me contou, achei que era uma história um pouco estapafúrdia. Naquele momento, a imprensa relatava que ele começava a ter problemas com os acionistas da Vale. Interpretei que ele queria mandar um recado. Mas não me prestei a isso."
Segundo o ministro, não havia nenhuma certeza de que Steinbruch "estaria falando a verdade".
Ele voltou a negar que fosse pedir demissão de seu cargo a FHC. "Estou aqui chefiando uma delegação brasileira. Como é que eu estou demissionário?" Disse que falou "algumas vezes" com o presidente sobre o caso nos últimos dias, mas não afirmou se FHC chegou a lhe pedir a pasta.
Paulo Renato repetiu a insinuação feita anteontem à Folha de que o deputado petista Aloizio Mercadante teria sido a fonte da revista "Veja" que revelou o suposto pedido de comissão. "Olha, a última vez que eu vi notícia sobre o Benjamin, ele tinha passado o fim de ano com o Mercadante. As pessoas estão perdendo a capacidade de análise política nesta campanha. Análise política não é tomar pelo valor de face das coisas, mas ver o que está por trás. Se há uma armação com base numa informação que só uma pessoa pode ter, tem de ir atrás dessa pessoa. Quem tem interesse de que isso venha agora a público?"



Texto Anterior: Frase
Próximo Texto: PF do Rio pede a quebra do sigilo de ex-diretor do BB
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.