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Paulo Renato diz que "abraçou" candidatura Serra
SÉRGIO DÁVILA
DE NOVA YORK
O ministro da Educação, Paulo
Renato Souza, um dos pivôs do
escândalo de acusação de pedido
de comissão de R$ 15 milhões durante a privatização da Vale do
Rio Doce envolvendo Ricardo
Sérgio de Oliveira, ex-arrecadador de verba do pré-candidato tucano à Presidência, José Serra,
disse que tem um grande interesse hoje: "a eleição de Serra".
Segundo ele, após ter sido preterido pelo PSDB em favor do senador, ele "abraçou" a decisão do
partido: "Eu me apresentei como
pré-candidato. A decisão de que o
candidato seria o Serra foi tomada
em dezembro. A partir daí, acabou, não tem mais discussão".
"Eu sou amigo do Serra, considero ele um homem sério, sei que
é uma pessoa honesta e que tem
as melhores propostas para o
país. Não tenho nenhum interesse
em prejudicá-lo", disse.
O ministro afirmou que não
acha "viável nem desejável para o
partido nem para o país" uma renúncia do pré-candidato tucano
em favor de outro nome, como
defende o PFL.
Paulo Renato, que chegou ontem a Nova York, onde participa
de amanhã a sexta da Cúpula
Mundial da Infância das Organizações das Nações Unidas
(ONU), afirmou que, desde que
soube da acusação contra Ricardo
Sérgio até ser procurado na semana passada, não havia falado com
ninguém sobre o assunto nem
com o presidente Fernando Henrique Cardoso.
"Não falei porque, quando me
foi contado o assunto, era uma
coisa passada, já tinha ocorrido.
Eu nunca mais toquei nesse assunto. Quando ele [o empresário
Benjamin Steinbruch, a quem o
suposto pedido de comissão teria
sido feito" me contou, achei que
era uma história um pouco estapafúrdia. Naquele momento, a
imprensa relatava que ele começava a ter problemas com os acionistas da Vale. Interpretei que ele
queria mandar um recado. Mas
não me prestei a isso."
Segundo o ministro, não havia
nenhuma certeza de que Steinbruch "estaria falando a verdade".
Ele voltou a negar que fosse pedir demissão de seu cargo a FHC.
"Estou aqui chefiando uma delegação brasileira. Como é que eu
estou demissionário?" Disse que
falou "algumas vezes" com o presidente sobre o caso nos últimos
dias, mas não afirmou se FHC
chegou a lhe pedir a pasta.
Paulo Renato repetiu a insinuação feita anteontem à Folha de
que o deputado petista Aloizio
Mercadante teria sido a fonte da
revista "Veja" que revelou o suposto pedido de comissão. "Olha,
a última vez que eu vi notícia sobre o Benjamin, ele tinha passado
o fim de ano com o Mercadante.
As pessoas estão perdendo a capacidade de análise política nesta
campanha. Análise política não é
tomar pelo valor de face das coisas, mas ver o que está por trás. Se
há uma armação com base numa
informação que só uma pessoa
pode ter, tem de ir atrás dessa pessoa. Quem tem interesse de que
isso venha agora a público?"
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